segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A mulher pode

Hoje voltei a assistir QUEIME DEPOIS DE LER, de Ethan Coen e Joel Coen. Da primeira vez amei, agora apaixonei de vez. Ao longo dos últimos dias assisti também FARGO e ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, da mesma dupla de diretores. Ao contrário de mim, todas as pessoas com quem conversei  detestaram, não entenderam nada ou estavam inconformadas porque George Clooney e Brad Pitt aceitaram interpretar seus papéis. É, eles estão lá! Lindos como sempre, mas não no papel de mocinho ou vilão como de costume, mas como dois paspalhões ridículos.
A marca registrada dos diretores é a ironia, o deboche, a ridicularização das situações. Só com esses óculos podemos ver e divertir, mas sem esperar gargalhadas relaxantes. QUEIME DEPOISDE LER é uma oportunidade de rir com tristeza da banalidade, da frivolidade e até da imbecilidade do nosso tempo. Gosto dessa gente que sabe tocar nas feridas com as luvas do humor. Pararei por aqui na análise do filme, me interessa para a conversa de hoje o comportamento de uma das personagens:  Litzke Linda (Frances McDormand).
Ela nos é apresentada no filme dentro de um consultório médico, durante uma consulta ao cirurgião. Três minutos de exame e ela sai com uma lista de plásticas a fazer: barriga, peitos, braços e rosto. Tenta conseguir o dinheiro por meio legal, mas não conseguindo passa a chantagear um ex-espião da CIA. Daí para frente é só confusão em torno da busca pela grana.
A Linda repete “preciso me reinventar” e ainda “detesto negativismo, eu penso positivo”. Usa e abusa desses clichês e hipocritamente pratica crimes para conseguir reformar seu corpo. Ela é uma personagem patética e com um visual completamente fora dos padrões da indústria cinematográfica. Foi criada para debochar dos excessos femininos na busca pelo corpo perfeito.
Ouço todos os dias mulheres se criticando, falando das insatisfações com seu corpo. Ao experimentar uma roupa aparece uma censura daqui, uma restrição dali... Isso com pessoas bonitas, que poderiam estar plenamente em paz com o espelho. Aliás, acho que cada mulher tem uma beleza, é necessário valorizá-la. Mas não é o que acontece. Prevalece a queixa pelos defeitos. Será que a mulher precisa sempre se reinventar, como a Linda do filme? Para isso vale a pena qualquer esforço?
Por outro lado cresce aceleradamente a procura por roupas do tamanho G e GG (44 até 50). Vejo que o ideal de forma física está mais na mídia do que na rua. A busca pelo corpo desejado deve ser empreendida. Repetirei sempre: sensualidade, flexibilidade, força, fôlego e beleza são objetivos muito dignos. Porém, acho que é um delírio e não um bom objetivo de vida a obsessão pela reinvenção do corpo.
Estar aqui diariamente é o meu meio de tentar alcançar meu objetivo: emagrecer de forma saudável e definitivamente. Daí minha disposição para rever meus pensamentos, minhas palavras, meus hábitos. Mas sem crer que preciso me reinventar.
Hoje foi eleita Dilma, a primeira presidente do Brasil. Em seu primeiro pronunciamento lembrou: “pais e mães, hoje vocês podem olhar nos olhos de suas meninas e falar A MULHER PODE”.
Se a mulher pode governar um país, deveria poder ainda mais conhecer seu corpo e decidir qual é a medida ideal para o seu bem estar.
Vamos assumir esse poder?
Até amanhã



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