quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Teste a sua auto estima

Fui à banca de revistas e encontrei pelo menos cinco publicações que traziam na capa a chamada de matéria sobre auto estima. Inclusive com testes para você pontuar o seu nível.
Desculpe se serei demasiadamente rude: que chatura! Detesto esse discurso e vou rasgar o verbo. Pessoas que acreditam que é importante manter a auto estima lá no topo do mundo são aquelas que mais se repetem. Como têm medo de se criticar insistem nos próprios erros. Lá roça falavam assim para esse tipo de gente: "esse fulano aí vai apodrecer mas não vai amadurecer".
No discurso moderno sobre as questões existenciais a parte mais alienante é sobre a necessidade da auto estima. Ter um grande apreço por si mesmo é ficar cego para os limites. Não conhecer os limites é negar potenciais. É perder a chance de admirar o mundo e não apenas o próprio umbigo. É evitar o mergulho para não molhar os pés.
Somos naturalmente amantes. A forma como nos defendemos diante dos perigos ou buscamos proteção, acolhimento, carinho, amor,  indicam essa habilidade nata de auto valorização. Se nos dispensamos  cuidados é porque conhecemos o valor. "Quando a gente ama é claro que a gente cuida".
Então, para que mais? Que abstração é essa que se entranhou no universo? O que querem dizer com auto estima alta?
Bem, aquela auto estima lá da revista está a serviço do consumo, da obrigação de ser, saber e agora até medir e ter muitos pontos nesse quesito. Mais ou menos assim: se você se ama compre shampoo, creme, carro, sapato, perfume, roupa, lençol, remédio, enfim compre tudo que puder para se presentear. Afinal, você (NÃO) se estima e precisa investir em si mesmo.
Isso é muito diferente de ser pleno!
Fiquem com Morris West e sintam o que gostaria de ter escrito:



"Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a luz ou a coragem de pagar o preço...
É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver.
É preciso abraçar o mundo como um amante.
É preciso aceitar a dor como condição da existência.
É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento.
É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada consequencia do viver e do morrer."

Morris L. West em "As Sandálias do Pescador"

Até amanhã

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