domingo, 31 de outubro de 2010

Sofrimento não combina com crescimento

Ouvi muitas vezes que a gente só cresce na dor. Discordo veementemente. Dor é só dor. O que traz evolução é a capacidade de transformar as dificuldades em oportunidades.
Para começo de papo, nem toda dificuldade é fonte de sofrimento. Alguns sentem assim, mas existem as pessoas que vencem desafios com suavidade, sem queixas, sem ruminação. Por um acaso elas teriam menos chances de evolução pessoal do que as mais sofredoras?
Alegria é para mim o sentimento mais revolucionário. É o melhor presente a oferecer ao mundo. A melhor marca ou lembrança que podemos deixar. Quando fecho os olhos em busca de respostas, peço a Deus a alegria.
Alegrar-se é estar contente. Contentar-se. Ser agradecido pelo que se é e pelo que se tem. Isso é uma tremenda evolução. Gastamos nossa vida focados no que queremos ter ou ser. Isso é fonte permanente de sofrimento. Poderíamos então supor que esse é o estímulo para o crescimento pessoal?
Os sustos, as surpresas que encontramos ao longo do caminho não foram colocados ali para nos fazer crescer. Detesto esse misticismo. Os fatos desconcertados são apenas acontecimentos. O olhar que deitamos sobre eles, a visão que absorvemos e o lugar que destinamos a eles em nossas vidas é o que faz a diferença. Podem se transformar em motivo de evolução ou de reclamação.
Escolhi esse assunto porque dei uma breve olhada para os meus últimos meses e percebi que me tornei bem menos queixosa do que era. Considerei uma grande conquista. Ainda assim lembrei da frase: "a gente só cresce na dor" tantas vezes ouvida. Na medida em que faço menos queixas, demonstro menos valorização dos revezes da vida. Por coincidência, menos atenção aos problemas sinalizam maior disponibilidade para novas realizações.
No fim dessa história, esse é apenas um desabafo! Sempre tive horror dessa perspectiva: o sofrimento como ingrediente fundamental do crescimento. Porém, nunca tive a coragem de expressar minha discordância. A reflexão de cada dia que acompanha o momento da escrita me permitiu pensar sobre o tema.
Até mais!

Amanhã, nessa hora já teremos conhecido o novo presidente do Brasil! Que ele ou ela não nos cause sofrimentos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Emagreci pensando

Acabo de ler "A MULHER DESILUDIDA, de Simone de Beauvoir. Estou completamente apaixonada.
Não acredito que tendo a Dilma como presidente teremos uma mulher no poder.
Estou assistindo ao último debate e necessito de um licor para suportar.
Não acredito em salvador da pátria!
Hoje, minha postagem "SER OU NÃO SER UMA MULHER MULTIFUNCIONAL" foi publicada em um dos jornais de Lagoa Santa. Uhuuuuu! Minha primeira publicação! Alguém leu e gostou no blog e sugeriu ampliar a idéia.
Estou muito inflamada com o debate. Não tenho a isenção necessária para escrever.
Alcançamos juntos o sucesso de 1050 vizualizações de página hoje. Vamos comemorar!
De domingo até hoje emagreci 700g! Além disso meditei, estou muito mais calma e feliz.
Sinto a falta de mais comentários!
Sem censura... Aqui é um espaço de bate papo e no fim das contas "todo mundo é todo mundo", não importa a forma, mas a conversa.
Até amanhã
Silvia

EMAGRECER COM OS SONHOS

Há três dias não faço um post. Estou às voltas com um sonho. Tento fazer um texto agradável e bom de entendimento, mas ora acho muita voação, ora julgo banal. Porém, tenho certeza que foi um sonho ilustrativo para mim e poderia ser para quem ler.  Então insisto, contando com a boa vontade dos meus amigos leitores.
Sonhei que uma conhecida chamada Silvia, sacoleira, me telefonou avisando que mandaria pães para eu comprar.  No próprio sonho dormi. Quando acordei , ela tinha enviado diversas massas com molhos variados e formatos super diferentes. Aquele tipo que só de olhar a gente sabe que a delícia vai nos fazer cair em tentação.
Numa outra sacola ela mandou vestidos lindos e umas peças de lingerie sofisticadas e sensuais.
A curiosidade do sonho é que tanto as massas quanto as roupas traziam uma mesma plaquinha : TUDO A R$32,40. Um vestido bonito ou um pacote de lasanha custavam igual.
No sonho não sabia de qual sacola escolher, mas sabia que não poderia pegar das duas.
Acordei pensativa e tentei escrever. Os detalhes do sonho deixariam o texto mais divertido. Não ousei! Senti –me demasiadamente exposta. Fiz opção pela versão ligth e seguem minhas reflexões.
Fiquei plenamente convencida que a obesidade é uma escolha. Isso é muito esperançoso.  As duas sacolas do sonho me ofereciam possibilidades distintas na vida. A primeira me trazia o prazer da comida farta e calórica e o conforto que a saciedade produz. A segunda me ofertava o prazer da sensualidade.
 Tudo custa R$32,40. A mensagem é que tudo tem a priori o mesmo valor. A diferença fica estabelecida quando realizo a escolha. Se pego o macarrão do sonho demonstro a minha crença que ele pode me trazer mais bem estar, ou que tenho pressa de me sentir satisfeita ou ainda que me vejo  incapaz de vencer os apelos que aquele prato tão bonito e cheiroso faz aos meus sentidos.  Se pego as roupas materializo a crença que aquilo vale mais para mim. Ao marcar a minha alternativa, estabeleço que é ela a certa. Atribuo um valor diferente para cada coisa. A escolha de onde vou investir o meu dinheiro, significando aqui todos os meus recursos (o tempo, a vontade e a ação) é minha. O melhor da história: se vejo isso até em sonho, eu posso mudar a minha história.
Na primeira postagem afirmei que cada obesidade é uma. Estou firme na idéia que um tratamento definitivo para mim implica em fazer o caminho de volta, parando, observado os fatos que originaram as idéias, que viraram sentimentos e que viraram crenças e que no final das contas viraram comilança e gordura.  Não existe certeza, a fé me move.
Começa a dar certo. Ao comer lembro que posso ceder. Deixar um pouco para depois ou pensar que tenho outros desejos importantes. Se comer em excesso a realização deles vai ficar comprometida.
Embora eu esteja falando de obesidade e emagrecimento, constato que a idéia da escolha se aplica a quase tudo na vida. Vale a pena colocar as suas na berlinda. Bons sonhos!

domingo, 24 de outubro de 2010

HOJE PESEI NOVAMENTE

Hoje, com muito medo, voltei à balança. Nada aconteceu. Não emagreci e nem engordei.
Ao longo dos últimos 40 dias (tempo do blog) consegui realizar mudanças muito importantes. Fiz as pazes com o tempo. Estou muito mais calma e centrada. Sinto-me bem, recuperei ritmo de leitura, cuido da casa e da empresa sem excesso de cobranças. Magicamente o "TEM QUE" foi diminuindo e mais importante do que isso: alcancei uma clareza dos meus objetivos que me ajuda escolher com agilidade o que quero/devo ou não fazer a cada dia.
Não segui um plano alimentar e nem exercitei. Acreditei que estando mais tranquila comeria menos e de forma mais lenta. Não aconteceu, é uma expectativa irreal. Amanhã voltarei conscientemente a comer em horários marcados e selecionando os alimentos. Trocando em miúdos, estarei de dieta. Vou também procurar uma academia. Não há reflexão tão poderosa que possa sozinha produzir o resultado que me propus - emagrecer 25kg. A ação é o fundamento dessa conquista.  A força dos maus hábitos alimentares só pode ser superada com novos e bons hábitos.
Pode parecer óbvio para alguns que para emagrecer é necessário dieta e atividade física. Para mim, não. Acreditei que haveria uma intuição ou uma palavra mágica que me faria achar a comida menos atraente e naturalmente eu me desinteressaria dela. Estou corrigindo o curso das coisas. Essa é uma expectativa infantil. Meu projeto é me cuidar construindo novos hábitos.
Para atingir minhas metas na empresa relaciono e ponho em curso um conjunto de ações. Para realizar diversos projetos - mudar ou reformar a casa, a educação das filhas, uma viagem, por exemplo - também me coloco em movimento. Por que construi a fantasia que bastaria a reflexão para eu renunciar ao excesso de comida?
Resposta difícil. Mas enquanto mantive a crença, não agi. Não encarei os desafios, fiquei na zona de conforto.
Para vencer a minha obesidade terei que me convencer das vantagens de aprender a fazer diferente. Vai ser um caminho mais trabalhoso do que fantasiei. Mas estou feliz pelas constatações e mais ainda por dar conta de suportá-las.
Até mais.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PALAVRAS LEVES

Já fiz muito ditado. A professora escolhia palavras, pronunciava devagar e a turma escrevia. O objetivo era treinar a ortografia. Quanto mais acertos, maior a nota em Língua Portuguesa.
Como já alcancei uma etapa da vida em que as notas não são tão importantes, vou experimentar o meu próprio ditado. Eis aqui a  minha coleção de palavras mágicas:
Agradecida. Fé. Meio. Equilíbrio. Generosidade. Tenacidade. Viagem.
Bondade. Trabalho. Palavra.Família
Pele. Respiração. Pensar. Esquecer.
Luz.
Lembrei agora da minha sogra. Ela tem 76 anos, é lúcida, inteligente e sorridente. Ela é uma daquelas pessoas que têm motivos de sobra para se julgar infeliz. Mas abdicou do papel de vítima e sorri. A vida lhe devolve esse gesto com muitas amizades sinceras e devotadas.
Depois de conviver alguns dias com ela, descobri que usa poucas palavras. Mas aquelas que escolheu permitem que se manifeste e marque presença.
Para tudo que é positivo e agradável ela usa os adjetivos SUAVE ou DELICADO.
Para o que não agrada, ela simplesmente define como GROSSO.
Eu preciso de muitas palavras para me comunicar.
Uso exageradamente os superlativos, gosto de C O M P L E X I D A D E, intensidade, paixões, tensão.
Pago o preço. Nesse instante, quero olhar a lua e simplemente dizer: que visão agradável.
Isso é leveza.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Emagrecer os pensamentos

Esse teu corpo é um fardo.
É uma grande montanha abafando-te.
Não te deixando sentir o vento livre
Do infinito.
Quebra teu corpo em cavernas
Para dentro de ti rugir
A força livre do ar.
Destroi mais essa prisão de pedra.
Faze-te recepo.
Âmbito.
Espaço.
Amplia-te.
Sê o grande sopro
Que circula...

Cecília Meireles, Cânticos

Quando leio esse poema consigo voltar para mim. Ele é uma espécie de passaporte para entrada em um estado de consciência diferente.
Preciso emagrecer e desfazer o fardo dos conceitos que se agruparam ao longo da estrada e se tornaram minhas verdades.
O ato de escrever diariamente é uma tentativa de abrir em cavernas e deixar rugir os novos ventos.
O meu interesse por novidades se manifestou muito cedo. Aprendi na infância um pouquinho de bordado, pintura, violão, clarinete, dança, datilografia (é, fiz curso de datilografia, 3 vezes e não consegui aprender), teatro. Fui catequista aos 14 anos. Líder de gincanas. Por causa desse gosto variado e uma dedicação curta a cada uma das atividades, ganhei o apelido de "senhor do bom princípio", uma alusão ao "Senhor do Bonfim".
Está claro que sou de uma família católica e embora eu não pratique, me considero uma. Como tal, a culpa é um sentimento recorrente. Ficava muito perturbada quando ouvia que Jesus morreu por nossa culpa...
O apelido me causava constrangimento. Hoje ainda deixo de fazer coisas que gostaria e poderia porque temo não terminá-las. Adio a yoga, o curso de cerâmica, a oficina de literatura, por medo da culpa de parar no meio do caminho. Como se fosse um voto perpétuo a dedicação a um simples gosto.
Pequenos prazeres que poderiam me trazer bem estar e alegria vão ficando para quando eu tiver tempo. Um tempo que não existirá porque surgirão novas obrigações.
O peso do apelido retorna na forma de uma censura ao gosto de fazer coisas novas e se materializa no peso do corpo.
Sei que não estou sozinha nessa estrada. Mas como escrevi no começo, cada obesidade é uma. A minha está sendo desconstruida.
A propósito, estou escrevendo fielmente há 35 dias!
Até amanhã

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A cauda abanando o cachorro

Hoje acordei com uma vontade danada de ser a dona da minha casa. Posso explicar...
Normalmente, meu corpo está em um lugar e meus pensamentos em outro. Paro para descansar um pouquinho e os alertas internos disparam. "Tenho que" é a expressão preferida deles. Ela faz sua aparição humilde assim: Tenho que colocar água na planta, pensar no almoço... Vai ficando mais complexa: Tenho que marcar médico, levar as meninas ao dentista, arrumar a estante, comprar o presente de fulano... Vai sofisticando: Tenho que comprar aquela tv, viajar no próximo feriado, mudar a decoração do quarto... Adeus paz!
Levanto, procuro alguma coisa para fazer. Nesses momentos deixo de sentir dona de mim.
Há ainda a multiplicação exagerada de pensamentos. Muito barulho interno por conta do diálogo entre minhas idéias. Minha mente é daquelas faladeiras! Ela cria, relembra e transforma situações por puro deleite. Se antecipa aos problemas, vibra com desafios, busca novidades e sensações o tempo todo. Isso cansa, rouba energia e afasta o silêncio. Penso que contribui para me tornar ansiosa e comilona.
Quando converso com outras pessoas, vejo que essa inquietação é comum. Mesmo não percebendo, atravessam o bate papo e não se aquietam para ouvir. Sinal claro que não estão presentes porque a mente está fabricando ou ruminando pensamentos.
É engraçado como as coisas vão se transformando com o uso que fazemos delas. A nossa mente é um recurso para nosso processo de evolução na vida. Assim como nossos sentidos físicos, afetos, a intuição e a espiritualidade. O uso intensivo fez dela uma ferramenta muito potente. Com toda potência parece ter conquistado autonomia e hoje nos governa. Conhece aquela história da cauda que passa a balançar o cachorro ao invés dele balança-la?
Hoje passei o dia me relembrando que eu sou a dona dessa casa que é a minha vida.
Meu mantra: a mente é parte do que sou, por isso não deve ter o comando solitário de mim.

Você também sofre da multiplicação incessante dos pensamentos? Experimente voltar para si, observar-se internamente. Surge um vazio proveitoso e muito bem estar. É uma forma singela de meditar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O assunto é leveza

Para quem está chegando agora, seja muito bem vindo!
Aqui escrevo sobre leveza. Sobre meu objetivo de emagrecer 25 kg no período de um ano através da reflexão sobre conceitos  que estejam relacionados sobre o acúmulo de peso. Espero nesse tempo rever crenças, compartilhar a experiência e por fim modificar meus hábitos de alimentação de forma sustentável (essa é a palavra da moda).
A propósito, emagreci 1,700kg em um mês. É menos do que eu esperava, mas é mais do que se não estivesse escrevendo.
Esse blog também é um ponto de encontro de pessoas que querem mais leveza para viver. Gosto muito dos vôos do pensamento. Através do cinema e da leitura é que consigo a decolagem. Mas gosto mesmo é de observar o jeito de viver moderno. Divirto e brinco com os novos modos das mulheres e dos homens desse tempo e me permito rir, junto com os leitores, do lado absurdo do culto à imagem, ao corpo perfeito, ao consumo, à informação supérflua.
 Na primeira postagem eu falei do excesso de informação e de imagem. Isso tem sido uma carga pesada!  Ultimamente, quando sei de publicações novas que eu deveria ler, tenho arrepios. De pavor, é claro! Tem estatística demais no mundo. As notícias chegam em  tempo real e estão no ar 24 horas por dia. O excesso de informação tem deixado nossa vida mais ansiosa e menos sábia. Acho que quem é mais esperto já percebeu que é preciso muito menos para estar bem.
Outro dia tive uma grande decepção! Voltei a hospedar em um hotel com uns elevadores enormes com aqueles espelhões  no fundo. Eu adorava olhar os poros da pele do rosto, o ritmo do aumento das rugas, avaliar se as pintas de sol estão sob controle e, discretamente, ver se estava tudo em ordem dentro do nariz. Mas agora têm televisões com notícias até lá dentro. Na viagem de 15 segundos entre a portaria e meu apartamento fui obrigada a ver mais uma vez a cotação do dólar e da bolsa e saber que Angelina Jolie foi fotografada tomando sorvete. Isso é de uma importância! Imagine, como fez diferença na minha vida aproveitar esses 15 segundos para ter informações.
Vamos combinar? Quando comentar aqui um filme ou um livro, não tenho nenhum compromisso acadêmico é apenas um bom bate-papo. Esse espaço é pra rir e chorar junto. Igual a casamento. O que importa aqui é interagir com muito afeto com pessoas que se interessem pela leveza.
Até mais.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Da obesidade ao emagrecimento

Observei que vinha colocando como marcador (aquelas palavras que servem para as pessoas pesquisarem e encontrarem o blog) a palavra obesidade. Resolvi agora colocar só emagrecimento.
Uma palavra muda tudo. Não quero ser pesquisada por obesidade, mas por emagrecimento e por isso estou escrevendo. Por isso estou lutando.

"DIZEI A PALAVRA CERTA E SEREI SALVO"

Hoje não falarei muito. Preciso acomodar, deixar bem confortável no meu coração essa troca de obesidade por emagrecimento.
Até mais

VIAGEM DOS SONHOS

Acho que muitos amigos embarcaram comigo na viagem imaginária. O resultado foi uma troca de carinho muito especial pela web.
No filme ANTES DE PARTIR, (vou ser apedrejada pelos críticos de cinema do mundo todo) o personagem de Morgan Freeman fala para seu parceiro de aventuras (Jack Nicholson): "Você se acha diferente, deseja ser diferente, mas lá no fundo todo mundo é todo mundo". Essa é uma das minhas frases redentoras. Foi um conforto, um banho de imersão em água morna, deixar de desejar ser diferente.
O filme é lindo, emocionante, faz chorar igualzinho às novelas brasileiras. Eles realizam seus maiores desejos antes de morrer. Fazem uma lista e saem pelo mundo aventurando, visitando os lugares mais charmosos e mais exóticos. Mas choram e riem com vontade e verdade quando se encontram em situações bem familiares.
Pois é, todo mundo tem sua viagem dos sonhos... É preciso coragem para fazê-la. Sonhar todos os dias e não desistir naqueles em que a vida real convida a abrir bem os olhos e fincar os pés no chão.
Todo mundo é todo mundo. A experiência da dor e do amor nos iguala. Só as sutilezas nos diferem. O jeito como falamos da nossa alegria ou do nosso sofrimento é que conta. Meu irmão é um católico fervoroso, tem uma frase muito interessante: "todo mundo tem sua cruz, o que diferencia é a elegância para carregar".
Isso é muito bom, porque anula o conceito de solidão.
Quando estamos sós, estamos apenas sossegados. Somos ligados por um fio invisível a bilhões de pessoas que têm sonhos e desesperos muito parecidos com os nossos.
Até hoje achava que a viagem em sonhos era um culto apenas meu. Que decepção boa!
A depressão está chamando... Passei um período muito bom, então ela está reclamando seus dias. Hoje o coração ficou apertado o dia todo. Estou tentando manter a porta trancada. Qualquer descuido ela entra e domina. Um pequeno pensamento negativo, carregado de emoção é o passaporte. Ela entra, invade, domina, faz a festa. Depois só me resta limpar a sujeira e replantar o jardim. Mas enquanto tenho forças eu luto. Não sou de entregar as armas facilmente.
Uma viagem, nesse momento, seria redenção pura. Enquanto não é possível, me aninho nos comentários e recados tão carinhosos que venho recebendo. Agradecida! Acho muito mais bonita do que Obrigada!
Até amanhã.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

COMER REZAR AMAR, O FILME

Finalmente fui assistir COMER REZAR AMAR. É bem fiel ao livro e isso bastou para que eu gostasse muito. Tem sido muito criticado pelos intelectuais de plantão. Mas acho a história da autora sensacional e merece ser contada seja em livro, filme, teatro.
Deu uma vontade danada de viver uma aventura semelhante. Tirar um tempo para viajar, conversar, conhecer gente, culturas diferentes e descansar.
O meu roteiro começaria pela Espanha. Conheceria Madri e depois faria um giro de 360 graus pelo País: Toledo, Salamanca, Bilbao, Barcelona, Cadiz, Valência. Ao invés de COMER eu iria CONTEMPLAR. Vejo em sonhos aquela terra com cores mágicas, as mesmas que os pintores mais célebres do mundo recriaram em suas telas. Vejo-me muitos dias ocupada em olhar, admirar, suspirar e exclamar. Ficar tonta de tanta beleza!
Não sei dar nomes para nada de artes plásticas e arquitetura. Mas sei sentir. Observar, reconhecendo que o artista criou para nos dizer alguma coisa ou simplesmente para deixar nosso caminho mais bonito.
Após a Espanha eu seguiria para o sul da França. Não iria para REZAR, gostaria de CAMINHAR. Passar por castelos medievais e imaginar como seria a vida naqueles tempos. Não tenho atração por vinhos, mas os especialistas se deleitam nessa região, então eu também provaria. Mas meu sonho mesmo é viver como andarilha por alguns dias. Imagino ver ao longe uma plantação de lavanda e correr até lá pra sentir o cheiro. Penso que a claridade desse pedaço de mundo é diferente. E, é claro, chegaria a Paris. A primeira coisa que iria procurar é um café na região central, onde as pessoas se reúnem nas manhãs de domingo para conversar sobre filosofia. Esses diálogos deram origem ao livro UM CAFÉ PARA SÓCRATES, que casualmente veio parar em minhas mãos.  Mas também caminharia, tomaria muitos cafés e não resistiria a uma compra de perfumes.
Para terminar iria DESCANSAR em um hotel bem simples, em um lugar sossegado. Nada de planejamento. Simplesmente gostar de um lugar e fincar o pé por lá.
Dormir até a hora que o olho abrir. Tomar sol da manhã. Ler romances lindos, chorando e rindo. Visitar lojinhas à tarde para descobrir lembrancinhas para minhas filhas, irmãs e amigas. Para terminar o dia em grande estilo, sentar quietinha ao lado do Fernando, ficar de mãos dadas e cochilar com a cabeça no seu ombro. Meu companheiro na viagem da vida seria meu acompanhante de honra na viagem do meu sonho.
Adorei ter coragem de expor um sonho de forma tão clara. Tente descrever sua viagem imaginária. Dá uma paz... Até parece que estive lá.
Sonhar também é ser. Espero que essas postagens, aparentemente tão desconectas, formem uma única figura, como um quebra cabeça. Essa atenção diária com meus pensamentos se transforme em cuidado com o meu corpo.
Até!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER

Como poderia explicar uma saudade de uma coisa que não conhecia?
Saudade é uma palavra muito bem escolhida para definir meu sentimento pelo livro A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER. Foi um grande sucesso nos anos 80. Eu não tive o olhar necessário para entendê-lo. Deixei passar, mas repetidamente esse título me chamou. Tenho uma sensação de falta todas as vezes que penso na obra.
 Estou finalizando a leitura de A ARTE DE SER LEVE, http://silviaesilvia.blogspot.com/2010/10/arte-de-ser-leve.html
e por pura provocação intelectual escolhi assistir hoje A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER. Foi uma brincadeira, desejo de alçar vôo pelo pensamento e cá estou ocupada em pensar se a vida é um eterno retorno ou se somos seres da liberdade de escolha. Filosofia demais para uma quarta-feira de multifuncionalidade.
Preciso de mais tempo para pensar.
Por enquanto vou dar notícias da minha insustentável leveza na balança. Pesei novamente. Anotei. Nada aconteceu. Não consegui obedecer ao plano alimentar. Não estou fazendo atividade física. Emagreci inicialmente 1,7 Kg, mas parei por aí.
Amanhã faz um mês que comecei a escrever e postar. Tem sido uma atividade redentora, mas esperava dar conta de emagrecer mais nesse período inicial.
Mas continuarei firme e forte.
Até

Mulher multifuncional, parte 2

Reli a postagem intitulada SER OU NÃO SER UMA MULHER MULTIFUNCIONAL? e percebi que minhas considerações estão distantes da profundidade do tema e da necessidade pessoal de refletir sobre ele.
Um grande número de mulheres parece se orgulhar da multifuncionalidade. Virou mantra universal a frase "estou com pressa", ou "menina, como estou sem tempo!". Estranhamente, parece que com essas afirmações as pessoas se sentem com um status diferenciado. Rasgando o verbo, se sentem importantes ao pronuncia-las e para dar charme usam o tom de queixa.
A fala mais adequada para essas pessoas talvez seja: "menina, ando usando o meu tempo de forma tão impensada" ou "ando querendo fazer caber no meu dia muito mais do que ele comporta". Ah!  Essa é melhor ainda: "Tenho coisas para fazer, mas só de lembrar  fico ansiosa e acho que estou com pressa, por isso tenho que apressar o outro também".
Estive operando a multifuncional da minha empresa. Aquela maquininha que imprime, copia, recebe e passa fax, é scanner e telefone. A que estamos imitando. Achei engraçado ver que ela faz uma função por vez. Quando dei cliques sucessivos e apressados ela não respondeu adequadamente. O papel engasgou ou travou o sistema. Não estou querendo reduzir o espectro da realização feminina ao de uma máquina. Mas acho a metáfora válida para o entendimento desse dilema humano e especialmente feminino.
Tentar viver na correria e crer que isso é chique não convence mais. A exemplo da máquina, nós também sofremos perdas com esse modo de vida. Danos expressivos na saúde, nos relacionamentos, na eficiência profissional e na nossa autonomia. É uma troca infeliz deixar de ser autônoma para ser autômata.
Lembrei da propaganda de uma revista feminina: chique é ser inteligente. Porém, ser inteligente não significa seguir os conselhos da revista. No máximo, se divertir com ela. Depois parar no tempo, entrar em si mesma e perguntar: O que eu gosto? O que eu quero? De posse dessas informações, o que farei?
Há uns três anos, lanchei com minhas filhas no Mac Donalds e imagine só, fiquei emocionada com um daqueles forros de bandeja. O tema dele era "amo muito tudo isso", então as ilustrações eram sobre umas trinta coisas agradáveis de se fazer. Levei o papel comigo e iniciei um dever de casa. Listei as 30 coisas que amava muito. Querem ver como foi difícil essa aventura com aparência fácil?
Item 01 - Amo muito minha família. Mas vi que o tempo que tinha para ela às vezes era o menos precioso. Nosso encontro diário normalmente ocorria quando estava super cansada e muitas vezes impaciente. Surgiu a questão filosófica: é possível amar sem dedicar? E muitos outros desdobramentos dessa primeira pergunta.´
Item 02 - Amo muito meu marido. Mas é com quem mais brigo, implico, reclamo. O amor dispensa o bom relacionamento?
Sucessivamente, em cada item eu me investigava com pureza de sentimentos mas firmeza de princípios. Fiz uma lista verdadeira. Para isso, decidi que amar não poderia ser um verbo tão abstrato. Precisava e precisa se manifestar em gestos. Como amar meus amigos e não conviver? Amar idéias e não ler, pensar ou conversar? Amar cinema e não assistir? Amar plantas e não cuidar? Amar cinema e não assistir?
Tomei então algumas medidas que vêm funcionando bem. Primeiro reduzi a minha lista de amores. Com menos opções melhorei na dedicação às opções preservadas.
Eliminei muitas atividades. Porque "toda mulher faz assim" não é um argumento suficientemente forte para me motivar a fazer algo que não seja realmente de valor.
Continuo sendo uma multifuncional típica, mas família, amigos, viagem e outras coisinhas mais têm o lugar que merecem na minha vida.
 No mais, quando a angústia supita eu paro e pergunto: isso é uma obrigação ou uma escolha? Muitas vezes é só uma escolha. Retomo meu poder. Escolho fazer ou sentir diferente, a realidade costuma mudar.
Até mais.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A arte de ser leve

Estou lendo e recomendo o livro A ARTE DE SER LEVE da jornalista, simpaticíssima, mineira, Leila Ferreira. Estou passando momentos muito agradáveis com os "causos" que a autora, bem ao jeito mineiro, vai contando. Ela tem uma intenção clara e consegue atingir seu objetivo. Quer levar o leitor a pensar sobre a leveza de ser e viver. Defende gentileza, bom humor, cordialidade, empatia como comportamentos possíveis e necessários para uma vida mais agradável.
Enquanto leio sinto que estou conversando com a autora. Para quem não a conhece, ela tem um sorrisão aberto, fala com pausas que dão mais expressão aos seus assuntos. Eu a conheço só da televisão. Certa vez almocei em um restaurante bem na mesa ao lado dela. Não tive coragem de ser tiete. Me arrependi. Quem sabe poderíamos ser amigas, não é? Eu, pelo menos, poderia agora falar o tanto que estou gostando do livro.
As crônicas são curtas, as idéias claras,o estilo descolado. Ela reúne casos, entrevistas, citações para sustentar a relevância dos seus argumentos.
Lembrei de uma entrevista com o super, mega, best seller, psiquiatra brasileiro Augusto Cury. Ele afirma que a maior dificuldade do adolescente e do jovem é a falta de capacidade de colocar-se no lugar do outro. Algo como ser empático e compassivo. Assim, os comportamentos rebeldes e até os marginais, são, em parte, explicados por essa incapacidade.
A Leila Ferreira amplia essa percepção ao universo adulto. Mal humor no trabalho, briga de trânsito, relacionamentos fracassados, e incontáveis dilemas humanos têm em comum essa mesma inabilidade de colocar-se no lugar do outro. Com muita delicadeza ela aponta o caminho da leveza, do humor para contrabalancear.
Qual a parte que me cabe nessa história? As reflexões sobre o humor (o bom) e a necessidade de olhar a vida mais positivamente.
Sempre voltarei à proposta da postagem inicial, que é considerar a minha obesidade nos seu aspectos comportamentais e também nos mais sutis.
Descobri hoje que aprendi muito nova a confundir a manifestação de alegria com uma postura negativa. Calma que vou explicar!. Na minha família um ar sério sempre dava mais resultado do que um jeito mais brincalhão. Excetuando-se aí os momentos de festa em que tudo mudava. No dia a dia, o drama fazia mais sucesso do que a comédia. Às vezes, quando me mostrava mais espontânea, meu pai tinha uma expressão muito engraçada para repreender meu comportamento, me chamava de "boba da praça".
Acho que vou precisar explicar a expressão para meus leitores metropolitanos. Nas cidades interioranas, no passado, as pessoas conversavam, namoravam, negociavam nas praças. Eram os points. Pois bem, era lá também o centro da fofoca, deboche, e provavelmente os mais alegrinhos eram considerados os bobos da praça.
A gente quando é criança aprende a jogar mesmo não tendo conhecimento claro das regras. Então, para ganhar atenção, chocolate, presente do dia das crianças, ou o pastel de vento vendido na cantina da escola, aprendi a agir com cerimônia, formalidade, seriedade. Resultado: até hoje não sei me valer do humor. Associei alegria, descontração, despojamento com a "boba da praça".
Uma citação do livro dizia mais ou menos que ser risonho, bem humorado, irreverente nas empresas poderia se confundido com inconsequência, irresponsabilidade, por isso esses comportamentos não são estimulados. Bingo! Essa foi para mim!
Vejam que coincidência! Eu aqui tentando refletir sobre as peculiaridades da minha obesidade, ganhei de presente de uma amiga muito querida - A ARTE DE SER LEVE. Me senti muito amada com essa escolha. Ela transformou em um gesto o seu desejo de me ver bem sucedida no meu projeto. Obrigada!
Até mais!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vestir M é ser EGGG?

08/10/10
Escrever é um ato de bravura! É necessário vencer todos os obstáculos da autocensura.
Mas também é um ato de ternura. Pequenos acontecimentos diários podem se encher de magia. Tudo é motivo de reflexão. Tudo pode ser escutado. A delicadeza do espírito volta a tomar o seu lugar.
O vocabulário fica cuidadoso. Gentileza, bondade, generosidade, emoção, carinho, saudade, beleza, compaixão, simpatia voltam ao cenário mental. As ações ficam mais atentas. O automatismo pode ser mudado, a presença completa no ato da escrita me permite estar bem.
Onde eu estava que não via nada disso?
Eu estava fora, vendo apenas os apelos do mundo experimental. O silêncio está me trazendo de volta para casa, para um lar muito especial.
Trabalho com moda. Tenho loja de roupa feminina e uma masculina. Hoje presenciei uma mulher linda experimentando roupas. A moça se criticava em tudo. Eu a admirava, com saudades do tempo em que as mesmas roupas me serviam. Todas as peças que experimentou ficaram bem. Realçaram suas curvas deixando-a muito sensual, um mulherão. Mas ela se criticava. Ao final se intitulou gorda. Ela vestiu calças 42 – QUARENTA E DOIS!  E BLUSAS M. Fiquei completamente no ar. Embora esteja escrevendo há vários dias sobre a ditadura dos padrões de beleza foi intenso presenciar o incômodo daquela mulher que veste M se declarar, envergonhada, gordinha.
Não resisti! Pedi a ela que abandonasse aquela visão tão negativa e que se olhasse com admiração. Acho que foi em vão. Ela saiu com uma sacola com uma blusa, mas não me pareceu sair convencida que é uma linda mulher.
O sofrimento humano tem formas, cores e objetos diferentes. Desisti. Não quero mais o sofrimento. Ele não tem charme. Ficou idiota. Daqui pra frente quero presentear o mundo com alegria. Se pensarem em mim, por favor, lembrem dos meus sorrisos, minhas brincadeiras, meu jeito desajeitado de fazer humor.
Um milhão de vezes eu repito, se necessário, que ser obesa não compensa. Há dor nas articulações e coluna, riscos cardíacos, cansaço além da conta, limitação de movimentos.
Não consigo me convencer, entretanto, que ser M seja motivo para se sentir mal.
Gostaria de conhecer outras opiniões... Por favor, comentem! Estou me sentindo muito só com essas percepções.
Bom feriado para quem está no Brasil e bom fim de semana para os de fora.
Até amanhã.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser ou não ser uma mulher multifuncional?

mulOnze entre cada dez mulheres contemporâneas queixam-se da falta de tempo. O acúmulo de atividades e papéis sociais transformaram a vida numa pista de corridas. Mas desconfio que o preço anda alto demais.
O benefício... Bem, nem sempre temos a consciência exata do benefício. Então é hora de pensar sobre isso. No meu caso, identificar o tanto que essa síndrome da mulher multifuncional pesa na balança da minha obesidade.
Para começar, é justo reconhecer que a independência financeira e a autonomia social são ganhos maravilhosos conquistados com trabalho, estudo, enfim, com toda sorte de empenho feminino. Acho que ninguém despreza o valor disso.
O meu incômodo é observar a contradição. Estamos beirando uma inversão desses valores. Estamos submetidas a regras muito rígidas e muitas vezes sem ver esse aprisionamento, tudo em nome do título de modernidade. O desejo de entrar para esse clube transformou muitas de nós em escravas. Em certa medida, escravas de nós mesmas, do exagero das nossas expectativas e desejos. Nesse caso, adeus independência e autonomia conquistadas historicamente com tanta luta.
Não basta ser profissional, mãe, esposa, dona de casa e uma pessoa de bem. Queremos sentir bonitas e atraentes. Mas não serve a beleza original, tem que ser o padrão estético da celebridade do momento. Haja cosmético e bisturi! Conheço uma moça que nos anos noventa fez cirurgia para diminuir os seios e uma década depois fez para implantar silicone e aumentar.
Para não ser barrada na porta, precisamos conhecer marcas: roupas, bolsas, perfumes, e tudo mais que possa ser comprado e, é claro, comentado. Mais recentemente tenho ficado fora de muitas rodas de conversa de mulheres modernas porque não aprendi nada sobre marca e modelo de carro. E está cada vez mais difícil porque estão multiplicando numa velocidade maior que os meus neurônios possam alcançar.
Achamos essencial entender de moda,  decoração, esoterismo, vida de artista, psicologia, futebol. Precisamos também de ser "antenadas" e não podemos dispensar os aparatos tecnológicos.
Para completar, lutamos muitas vezes sós na família, para salvar o planeta.
Cada uma de nós se apega mais ou menos a cada um desses conceitos, de acordo com interesses, valores ou conveniências. Mas nenhuma de nós se realiza com o pacote básico. Passamos o maior tempo enoveladas no desejo e desprezando o essencial.
No fim das contas, se acreditamos que precisamos dar conta de tantas coisas, somos grandes caretas, ultrapassadas. Vivemos tão submissas como nossas bisavós. Elas estavam sob o jugo dos seus homens. Nós somos prisioneiras do excesso de expectativa. Estamos enoveladas pelo desejo.
Acho que isso pesa!
Já contei numa postagem anterior a minha distorção de imagem corporal na adolescência. Ontem falei sobre a necessidade de superar, de agir como uma heroína, não aceitando ser simplesmente uma pessoa. Isso e muitas outras situações que relatei ilustram essa busca inútil por modernidade.
Pensando bem, talvez a gente precise ficar um pouquinho deslocado no tempo. Não seguir tanto a risca os modismos, não aderir com tanta rapidez a novos padrões e conservar o que realmente gostamos. Não precisamos coincidir exatamente com os valores do nosso tempo.
Estar plenamente afinado com o presente é uma grande caretice. Distanciar dele é ter autonomia e independência para ser e agir. Isso é muito arrojado!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vencer ou ser vencida pelos limites?

Quando vencer ou se deixar vencer pelos limites?
Desde ontem insisti nessa pergunta. Estava viajando a trabalho e enfrentei uma série de pequenos problemas que no conjunto me irritaram muito e quase impediram de realizar o propósito da viagem. Digo pequenos porque problema grande para mim é doença. O resto eu costumo tirar de letra, mesmo que me queixe ou dispare alguns xingamentos.
Parecia ontem que tudo conspirava contra a realização do planejado. Resolvia um assunto e imediatamente surgia uma pendenga maior. Cheguei à exaustão. Ainda tinha que viajar, de ônibus, por 8 horas, de volta para casa. Poucas vezes me senti tão cansada.
Não cogitei a possibilidade de desistir, voltar e esperar um momento mais propício para retornar. O mantra " é preciso superar os limites" se repetia de forma autônoma. No fim realizei o que pretendia mas a um custo humano muito grande. Essa atitude costuma ser socialmente muito valorizada.
Evoluindo um pouquinho, vi que essa idéia de superação dos limites pode ter um reverso muito danoso. Se é necessário vencer indica que os vejo como inimigos. Se os vejo como inimigos deixo de ver os ganhos, as oportunidades que podem proporcionar.
Imaginei que ontem eu poderia ter aceitado os limites e ter passado uma tarde agradável no cinema, ou quem sabe em um museu, ou shopping e hoje eu retornaria ao desafio com energia renovada?
Olhando de uma outra perpectiva, acatar limites pode significar aceitar com gratidão a proteção que eles oferecem. O limite de tempo permite o descanso. O limite do dinheiro permite soluções criativas. O limite da comida é possibilidade de saúde. Em todos os casos, quando fazemos as pazes com os limites, a finitude, estamos ganhando a oportunidade de fazer escolhas por atitudes mais inteligentes.
Outro ganho significativo é o desenvolvimento da tolerância. Por consequência direta, da compaixão. O resultado disso tudo é ser mais humana. Isso toca meu coração. Me estimula.

Como revelei na primeira postagem, cada obesidade é uma. Meu desafio é olhar para a minha. Entre tantas outras coisas, para superar os limites que o excesso de peso me impõe, preciso e hoje desejo rever a noção que os limites são necessariamente negativos. Eles podem me proteger, podem legitimar o meu espaço e ainda esclarecer para os outros o que é tolerável para mim e o que não é. É um bom conjunto de argumentos para tentar me harmonizar com os limites quando esse for o caso e lutar para superá-los quando minhas motivações indicarem que é a opção adequada. O desafio agora é distinguir.

E você?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre a superação de limites

Eu acreditava que superar limites era uma das missões mais nobres para uma vida. Minha crença está abalada. Passei por situações tão desgastantes hoje, que me sugeriram colocar esse valor no banco dos réus. Vou investigar a utilidade e a veracidade dessa idéia.
Os limites existem. Não há como eliminá-los. Mas é necessário passar a vida brigando com eles? É uma opção interessante encaixar mais atividades do que cabem nas 24 horas do dia? Tentar fazer o dinheiro multiplicar o tempo inteiro ? Comer além do necessário, fingindo que as consequências desagradáveis não acontecerão?
As próprias perguntas já sugerem que fazer as pazes com o tempo, o bolso e a comida pode ser mais prazeroso do que a atitude guerreira de tentar superar os limites...
Ao preferir superar os limites deixei de desenvolver a tolerância para aceitar a importância deles.
Então, dando provas da sinceridade da minha intenção, vou parando por aqui. Estou em uma lan house, fora da minha cidade, e devo respeitar o limite de 1 hora para escrever.
Amanhã voltarei ao assunto...
Até mais

domingo, 3 de outubro de 2010

03/10/10 Dois dias de festa = 1/2 kg a mais na balança

A farra do fim de semana rendeu. Bolo, salgadinho, refrigerante e cerveja, não deu outra...
A calça jeans apertou, fui a balança e pesei... 1/2 kg a mais, mas amanhã retorno à rotina. A luta será essa mais estou disposta a continuar.
Viajarei hoje a trabalho, então serei breve. Preciso me concentrar no que vou fazer.
Até amanhã em São Paulo !

02/10/2010 Do mundo virtual para o real

Hoje reuni meus amigos para os parabéns. Fiz uma experiência um pouco diferente em termos de comemoração. Preparei um lanche e fiquei pronta para receber a partir das 15. Não marquei hora certa de chegada, dessa forma cada um veio separadamente e pudemos conversar a sós ou em pequenos grupos. Foram encontros cheios de emoção. Foi possível saber de cada um, olhar nos olhos, ter notícias da família, e cada um dos abraços de despedida foi acompanhado da certeza que continuaremos amigos. A atenção de hoje renovou a cumplicidade de sempre.
Talvez só voltemos a encontrar em meses, mas há um conforto de saber que estaremos prontos um para o outro assim que precisarmos. Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença.
O encontro de hoje foi, em grande parte, uma consequência da iniciativa do blog. Acho que tenho conseguido transitar entre o mundo virtual e o físico de maneira muito proveitosa. Os contatos daqui têm reforçado os sentimentos e estimulado a buscar o encontro real com as pessoas. É a primeira vez que consigo ver a rede com esse potencial.
Gosto do cheiro das pessoas, de olhar nos olhos, de observar gestos e entonação. Adoro o contato físico, fico muito triste quando estou privada dele. Dessa maneira, os contatos pela internet me pareciam muito restritos. Mas, ao começar  escrever busquei meus amigos pelo telefone, redes sociais ou email, para compartilhar as reflexões. O retorno que tive me tirou da inércia, tomei a iniciativa de reunir para matar as saudades. Poderia ter ficado só no telefonema de parabéns, mas os contatos pelo blog foram suficientemente fortes para gerar o desejo e a ação física do encontro.
Minhas esperanças estão renovadas. Quem sabe a rede possa vir a ser para a sociedade um meio de desenvolvimento da compaixão e do bom exercício da cidadania? Essa comunicação tão fluida e democrática possa ser um estímulo para a mobilização e para ações concretas na busca da realização coletiva. 
Se é possível para um, é para todos.
Até amanhã

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

COMER, REZAR, AMAR

Cinema é vida, é emoção encenada. Cada filme é uma oportunidade de introspecção. Gosto de filme bom e dos ruins também. Às vezes os críticos dos jornais detonam um filme e eu me apaixono, assisto de novo, conto para meus amigos recomendando assistir mil vezes para entender rsrsrs.
Hoje estreou por aqui COMER REZAR AMAR. Infelizmente não pude assistir, mas li e reli o livro. Tenho uma longa relação de amor com essa história.
Começou mais ou menos assim: fui a uma consulta e no andar térreo do prédio havia uma livraria. De fora da vitrine o título me chamou, a capa despertou minha curiosidade. Nunca tinha ouvido falar, embora já estivesse na lista dos mais vendidos naquela época (julho de 2008). Entrei e comprei. Mergulhei. Li, reli, marquei, chorei, ri, amei.  Tratei. Curei...
Essa paixão se foi. Dois anos se passaram e hoje já não me sinto tão enamorada. Mas não consigo esquecer como aquelas palavras foram redentoras. Quando li estava reiniciando o tratamento contra a depressão. Já havia testado muitos medicamentos e nenhum me dava o alívio completo dos sintomas. Nos capítulos iniciais havia uma relação dos mesmos medicamentos também usados pela autora. Aí foi uma identificação total,  uma colagem, com ela. Saber daquela história de superação me deu esperanças, me encantou e ajudou muito.
Acho difícil ver a Julia Roberts no papel da minha heroína. Aquele história é de uma mulher verdadeira, cheia de dilemas e de iluminação, cheia de contradições. Isso permite ficar íntima dela. Mas alguém consegue se imaginar íntima da Julia Roberts? Esta linda mulher é um mito e a minha autora era gente. De qualquer maneira vou assistir o filme. O trailler mostra imagens lindíssimas da Itália, Índia e Indonésia, os países onde a autora viveu e escreveu. Amanhã eu conto o que achei.
Até mais.

30/09/2010 Não confunda amor com admiração

Esse foi um dos melhores aniversários da minha vida. Fechei os olhos várias vezes e agradeci a Deus por existir. Estive ao lado das pessoas que mais amo. Recebi várias mensagens carinhosas e abraços de amigos.
Pela manhã tive um café muito original. Sobre a mesa estavam um cartão lindo, as xícaras mais bonitas da casa, flores e uma foto da família. Ao lado, o mesmo pãozinho e café de cada dia. Tudo isto bem simples e no lugar onde deve sempre ficar: coadjuvante. O principal foi carinho, acompanhado de delicadezas, atenção e bate papo.
Isso me fez lembrar um caso. Há uns 7 anos mais ou menos eu estava começando a trabalhar com moda. Era uma atividade completamente nova e me empenhei em estudar. Buscava informações por todos os cantos, com muita ansiedade. Coincidentemente, estava acontecendo uma das primeiras edições do São Paulo Fashion Week. Assistia aos desfiles com avidez, como se ao final eu pudesse me transformar em uma nova expoente da moda brasileira. A Bruna, minha filha mais nova, estava comigo na sala. Muito inquieta, passava para lá e cá na frente da televisão. Depois veio se assentar no meu colo. Mexia a cabeça sem parar e eu não conseguia ver a tela. Chamei sua atenção e disse que estava assistindo a um programa muito importante. Ela virou-se para mim e segurou meu rosto entre suas mãos dizendo: "importante é isso..." e me deu um longo e estalado beijo.
Eu me rendi. A sabedoria da Bruna me chacoalhou. Por associação, vi que não deveria confundir amor com admiração. Compreendi que investir energia na busca de superação profissional me traria como retorno a realização social e material. Não enriqueceria a minha vida afetiva. Ter uma vida afetivamente rica era e é para mim um valor mais forte.
Essa diferenciação se tornou muito importante. Quando espero amor, empatia, aconchego, não preciso de feitos notáveis, dignos de uma contemplação externa.
Preciso transportar essa clareza para a minha relação com a comida...Espero entender, transformando em novos hábitos, que comer em excesso não me trará o bem estar que eu realmente desejo.
Até amanhã.