segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dia da ressaca

Essa segunda-feira foi brava. Um mal estar, uma falta de graça. Meu candidato à Presidência não foi eleito. Nessa campanha recuperei meu entusiasmo juvenil. Votei com toda consciência, li muito, me informei sobre as propostas de cada um, conversei com muitas pessoas e creio ter conseguido alguns votos a mais para José Serra. Mas não deu. Ainda não. Fiquei triste. Acredito que seria melhor para o nosso país. Não há o que fazer, a não ser esperar e torcer para que a Dilma faça o melhor.
Fiquei pensando como deve ter sido o dia de José Serra. Que vazio! Como recomeçar? De onde tirar forças, inspiração, desejo de continuar depois de tanto empenho e um final indesejado?
Vejam que ironia: o candidato não eleito fez ressurgir a oposição, teve  44 milhões de votos e foi porta-voz da insatisfação dos brasileiros com a ausência da lisura, do decoro, da moralidade no cenário político. Ainda assim os jornais se referiram a ele como o “candidato derrotado”.
O peso das palavras! DERROTADO... Fiquei incomodada com o uso do adjetivo para caracterizar 1 dos 2, entre 190.000.000 de brasileiros que concorreu ao cargo mais alto da nação e conseguiu 44.000.000 de votos.
Mas há situações em que a palavra não se encontra com o fato.
Me lembrei do adjetivo GORDA. Usado para caracterizar uma mulher que está com o peso acima do considerado esteticamente bom. Pode ser bacana ou não, bonita ou feia, inteligente ou mediana, bom ou mal caráter, enfim, o rótulo gorda elimina as diferenças e enquadra todas numa mesma categoria.  Não se sabe exatamente qual, mas obviamente das pessoas julgadas negativamente. Bem parecido com derrotado.
Daí o desespero das mulheres para evitar esse julgamento e seus exageros no culto ou no incômodo com o corpo.
Isso me incomoda? NÃO! Sabe por que? Porque nem no dicionário e nem na vida o adjetivo magra tem como sinônimos beleza, feminilidade, sensibilidade, multiplicidade, sabedoria. Por correlação, gorda não significa o contrário.
Seria melhor encontrar outra palavra, mas como não é possível, (assim como não é possível o meu candidato ganhar essa eleição) resta esperar e torcer para que se espalhe o entendimento que gorda não é SER, É ESTAR.
Até amanhã

Um comentário:

  1. Querida ... q texto!
    Adooooorei ... e' tudo q eu posso dizer!
    Qq cometario adicional e' dispensavel.

    Beijoooo,
    Nathy

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