sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O BALANÇO E A BALANÇA

Meu balanço
Vou me despedindo de 2010 sem saudades, sem grandes aventuras ou realizações para relembrar. Não tive aquelas conquistas tipo viagem dos sonhos, casa nova, trabalho novo, essas coisas que empenhamos muita expectativa. No dicionário pessoal o sinônimo de 2010 talvez seja DISCRETO. Porém, meu coração está cheio da certeza foi um ano muito positivo. No silêncio, bem quietinha, fui dando vida a esse blog e ele me retribuiu precocemente. Recebi muito carinho e apoio do Fernando, das minhas filhas e em especial da minha querida Tia Jane (ela é minha irmã-mãe, para quem não sabe).
Conquistei amigas verdadeiras, aquelas com quem podemos dividir os segredos, minha prima Nathália merece destaque. Tem sido uma grande incentivadora e fora do blog temos os nossos bate papos mais íntimos.
Reencontrei minha prima Simone, minha melhor amiga de infância, que está tão longe, estudando, e há mais de 20 anos não nos vemos pessoalmente. Como diz aquela propaganda do cartão de crédito "isso não tem preço". No dia que achei seu primeiro comentário reli muitas vezes para repetir a amoção desse encontro.
Retomei o contato pessoal com diversas amigas na medida em que ia divulgando, elas lendo e assim fomos marcando nossos encontros, telefonamos mais vezes.
Recebi com tanta alegria os comentários! Cada um foi motivo para ir adiante, vencer o sono e dar asas às minhas idéias. Postar foi uma chance preciosa de espalhar meu carinho para pessoas que eu não sabia antes como alcançar.
O maior ganho, com certeza, foi o encontro comigo.  Algumas vezes mergulhei, noutras voei ou caminhei com pés firmes as trilhas do cotidiano. Me olhei nos olhos com uma atenção de uma mãe que cuida bem de sua filha. Vi sentimentos e pensamentos bonitos, feios, bons, maus, mas reconheço nesse conjunto uma vontande de ser uma pessoa bacana, de bem com a vida, com as outras pessoas e pronta para servir.
Há muitos anos escutei um dito popular: "quem não vive para servir, não serve para viver". Achava muito pesado! Recusava. Aqui no blog reencontrei o poema da Gabriela Mistral "Toda natureza é um serviço..."
Dê uma olhadinha no post:
Então, a noção de servir ficou positiva, ficou muito mais bacana do que usufruir.
Concluo dizendo que a rede de informação foi uma boa ferramenta para ampliação da minha vida afetiva e evolução pessoal. Não se restringiu ao uso para consumo, trabalho ou diversão. Achei o meu lugar nela e assim pretendo prosseguir.

QUANTO À BALANÇA...

Ficou para 2011 o trabalho para emagrecer. Estou certa que a reflexão desnudou os maus hábitos e o valores que associei ao ato de comer. Mas emagrecer pressupõe ação, movimento e escolha. Nesse sentido estou pronta para o início da empreitada.
Acreditava, quando comecei a postar, que a calma proporcionada por esse momento seria suficiente para me fazer renunciar ao excesso de comida. Via com essa simplicidade: sem ansiedade, darei menos mordidas ou garfadas. Não funcionou para mim. Então, continuo escrevendo mas vou para uma academia e terei acompanhamento semanal para fazer dieta e atividade física.
Até mais.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CARTA DE AMOR

DELICADEZA é uma das palavras que mais aprecio.
GENEROSIDADE é uma meta de vida.
SIMPLICIDADE é a que recoloquei no meu dicionário em 2010 e senti o seu valor.
FELICIDADE foi a minha recompensa.
PROSPERIDADE eu só uso no fim do ano.
FÉ sou eu.
TENACIDADE desejo para minhas filhas.
AMOROSIDADE é o meu mantra e o do Fernando também. Rima com FIDELIDADE.
PACIÊNCIA E TOLERÂNCIA  são objetivos a conquistar.
BLOGAR é um prazer.
DIALOGAR um aprendizado.
DORMIR  a grande necessidade.
SUCESSO  ganhou novos significados.
DINHEIRO faz bem também.
ANO NOVO  não é vida nova.
ATÉ AMANHÃ!



SUGIRO QUE FAÇA O SEU GLOSSÁRIO TAMBÉM. FOI DIVERTIDO O PRODUTIVO. ENCONTREI AS PALAVRAS QUE ECOAM NO MEU CORAÇÃO. É UM BELO EXERCÍCIO DE AUTO CONHECIMENTO.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pulei a porteira no Natal

O que não falta hoje é assunto para o post. Fiz uma rápida viagem, fiquei desconectada, diverti muito e abracei minha sogra, irmãs, cunhados e sobrinhos. Matei saudade e comi... comi... como só os Boronis Martins em dia de festa.
A primeira aventura da viagem foi tensa. O trecho da rodovia entre Belo Horizonte e João Monlevade é muito perigoso e fiquei assustada como as pessoas no papel de motorista tornam-se muito mais agressivas. Em 100 km de estrada presenciei, com assombro, acidentes e diversas situações de risco. As condições da estrada são ruins, mas o comportamento dos motoristas é pior.
Imaginei uma manhã tranquila, harmoniosa e presenciei uma guerra. Os carros pareciam armaduras e os condutores mostravam uma indiferença completa com a sua vida e a de quem encontravam. Estou indagando porque um carro pode dar tanta sensação de poder a uma pessoa.
Os outros episódio foram engraçados e cheios de aventura. Fui para a roça. Roça com chuva não é uma combinação das mais... elegantes. É preciso força moral para enfrentar o barro. Nesse cenário escorregadio precisei pular uma porteira para conseguir chegar à casa, de noite e com as bagagens nas costas. Isso rendeu risos e a sugestão do título do post de hoje.
Depois de horas seguidas de chuva, não tinha estrada para vir embora. Na primeira tentativa de enfrentar o desafio o carro afundou no barro e só ficou a alternativa de marchar a pé, descalça e escorregando. Cada passo poderia render diversão para os outros se terminasse em tombo.
No fim da história tudo deu certo, relembrei minha infância e minhas filhas viram como eram as coisas e como ainda vivem muitas pessoas no interior.
Da simplicidade dos acontecimentos ficou uma boa conclusão. Uma porteira trancada não é o fim da caminhada, afinal, ela pode ser escalada.
Até amanhã!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Então é Natal...
Mais do que esperar ganhar novos presentes, hoje senti vontade de agradecer pelos que já possuo. Pensando bem, todos os dias recebo a delicadeza de pequenos milagres. A saúde, o carinho, o trabalho, o lar, o bem querer, os desafios vencidos. São muitos motivos para dizer obrigada com o coração cheio de emõção.
Todos os dias surgem novos desafios. Eles também são presentes. São um chamado para a evolução, oportunidade de novas descobertas. Por eles também sinto gratidão.
Nesse Natal agradeço especialmente a cada um que passou por aqui e dedicou seu precioso tempo à leitura dos meus posts. Cada uma das visualizações significou um estímulo para eu persistir no meu objetivo e para tentar fazer melhor. Obrigada.
Se pudesse retribuir, gostaria de compartilhar a paz desse momento. Imagino um papai Noel passando sobre a casa de cada um dos meus amigos do blog, em tantos países diferentes, deixando um sopro de contentamento. Acho que esse é o meu melhor voto de Feliz Natal.
Desejo um lindo Natal a todos. Que tenha ceia, vinho, oração, abraços amigos e presentes. As alegrias da comemoração deixem lembranças para todo o ano. Que elas inspirem bons pensamentos e esperança.
Até amanhã!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Hoje vou participar da primeira festa de Natal da família. Atualmente somos muitos e torna-se difícil reunir todos. O jeito que encontramos de ficar juntos é fazendo pequenas reuniões.
Boa noite e até amanhã!
Vou para festa depois de 13 horas de trabalho seguido. Esse é um dos lados do meu Natal.

Uma imagem que valeu pra toda a vida

Aos seis anos de idade pedi ao Papai Noel que me desse um carrinho de bonecas. Eu o vi na loja, admirei por muitos dias, sonhei e escrevi a cartinha com o pedido. Até então, acreditava que o brinquedo exposto na loja era um mostruário providenciado pelo bom velhinho para que as crianças pudessem fazer suas escolhas. No dia do Natal chegaria em casa o presente verdadeiro, direto da fábrica de Noel e entregue pelas mãos dele.
Passava as noites de Natal na roça. Poderia chamar de sítio esse lugar encantado onde vivi meus primeiros anos e de onde desejei sair tão cedo. Mas esse nome não combina. A inscrição no meu coração é da nossa roça. Hoje vejo o quanto gosto daquele cantinho de mundo e como ele é muito mais presente na minha memória afetiva do que poderia imaginar.
De lá herdei lembranças que inspiram o meu gosto por transformar, minha habilidade para criar e agregar. Tive o privilégio de assistir e encantar com os frutos virando doces. O leite sendo processado para ser queijo, manteiga ou requeijão. Esses viravam um pouco mais de dinheiro para a família. Inclusive para os presentes de Natal que nunca me faltaram. Vi cana virando açucar, café sendo torrado e moído. Depois os dois se juntavam para virar o líquido precioso que saciava os trabalhadores ou animava os bate papos com as visitas. Enfim, a transformação era a ação mais presente no meu ambiente infantil.
Voltando ao Natal do meu carrinho, lembro que a chuva caiu sem parar na véspera e na própria noite. Como de costume, destruiu a estrada que dava acesso à cidade.  Tive muito medo de papai Noel não conseguir chegar...
A família estava toda reunida. Nessa época todos os meus irmãos já eram adultos e moravam em outras cidades. Eu já era uma titia. Meus melhores amigos eram os sobrinhos Ricardo, Ângelo e Lúcio.
A festa corria solta. Música, conversa alta, comida, bebida e... chuva... muita chuva. Meu irmão aumentava minha ansiedade reafirmando que Noel não conseguiria chegar.
Posso ver o aperto do meu coração. O medo do sonho não se realizar. Uma apreensão tão forte que deixou suas marcas.
A festa acabou, todos se deitaram e eu não dormia, pensando se Noel conseguiria vencer as agruras da estrada, ou se desistiria, levando  de volta meu presente.
Não sei como, minha insônia foi percebida pela minha mãe, que estava em outro quarto. No meio da noite, como um anjo, ela me pegou no colo, me levou até a sala e me mostrou meu carrinho, bem ao lado da árvore de Natal. Senti tanto alívio que antes dela completar os dez passos para me colocar de novo na cama eu já tinha dormido. Lembro apenas daquela visão iluminada do meu carrinho, do alto do colo da minha mãe.
Gostaria que minhas filhas pudessem ter uma lembrança tão linda como essa. Quando passo pelos pequenos e grandes apuros da vida eu busco essa imagem. Um anjo me retirando da angústia para me mostrar que o presente está lá.
Esse post é uma homenagem aos meus pais e irmãos. Sinto hoje a mesma alegria e ansiedade da infância. Vou reencontrá-los e isso me deixa muito emocionada. Embora minha mãe e pai já tenham falecido, nas celebrações com os outros familiares reencontrarei toda a força do seu afeto. Eles estarão vivos através da atenção que dedicamos uns aos outros. Eles permanecem entre nós no nosso gosto por estar juntos. Dona Néria e Sr Luizinho se tornaram eternos no nosso jeito de festejar, de conversar e de sentir o problema do outro na própria carne.
Preservar esses valores é dar de presente, principalmente para as novas gerações, o refresco da alegria de conviver, de compartilhar, de superar conflitos, de agradar ao outro para se agradar. No fim da história, acho que isso é amor.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O melhor presente de Natal

Meu marido perguntou-me se ainda fico emocionada com a comemoração do Natal. Sem hesitar respondi que não. Vejo muita correria, compulsão, exagero na comida, bebida e consumo. A brincadeira de amigo oculto se tornou tão tradicional e sem graça... Quase uma obrigação. Acho artificial reservar para uma data específica as manifestações de carinho. Com o tempo fui desgostando dessa celebração, vejo os objetivos comerciais se sobreporem ao espírito de cristandade.
Pode parecer utopia ou até infantilidade, mas tento ter o Natal todos os dias. Se é uma data para manifestação de afeto, alegria e generosidade, espero que isso aconteça o ano todo, mesmo no meio das dificuldades, dos desafios da vida material e dos conflitos.
Mas, pensando bem, vai chegando perto do 25 de dezembro a saudade dos irmãos vai crescendo, só de saber que estou prestes a reencontrá-los. Começo a lembrar de tantos motivos para agradecer a Deus, à família e aos amigos e, sem saber como explicar, surge uma vontade enorme de festejar. Então, é Natal e isso basta para ter alegria.
Parto para as compras, lista de presentinhos nas mãos e a vontade de expressar gratidão pelo ano de convivência e pelas delicadezas recebidas. Ela sempre cresce quando começo a comprar, vou lembrando da vizinha prestativa, da esposa do sobrinho, do cunhado... Quando acordo, minha humilde relação de candidatos à lembrança de Natal triplicou.
Mas esse ano tem gente nova no começo da lista: EU. O melhor e o primeiro presente de Natal de 2010 será para mim. Farei questão de me entregar, com emoção e entonação. Ainda procuro um objeto que possa representar bem, ou pelo menos, um pouquinho bem as conquistas que desejo celebrar nesse fim de ano. Foi um senhor ano. Como aprendi! Foi cheio de lutas, mas elas foram tão mais leves. Abri mão de expectativas, de raivas, de impaciências, de precipitações e por isso acho que não devo abrir mão do meu melhor presente de Natal.
Até amanhã!

Sou solar

Sol, calor, piscina, descanso...
Um dia de verão daqueles que sempre imaginamos quando esperamos tirar férias. Estou por conta da preguiça. Nada de papo sério!
Adoro o verão. "Calor no coração, magia colorida" é a melhor definição da estação.
Seja bem vindo!
Até amanhã

sábado, 18 de dezembro de 2010

Uma bicicleta pode ser um veículo para conhecer o mundo

Assisti  no jornal nacional de hoje uma reportagem sobre o teatro de bonecos que está acontecendo em Brasília. Os espetáculos são muito interessantes. Nas montagens, os objetos têm funções totalmente originais e buscam resgatar a visão infantil das coisas. Quando somos crianças, olhamos para uma bicicleta e enxergamos um veículo para conhecer o mundo. Um baldinho virado transforma-se em um castelo ou um chapéu. A proposta de cada peça é  buscar uma forma de interação bem original entre os personagens e os objetos.
Na minha infância, um cabo de vassoura podia ser uma espada ao um cavalo. Latas vazias de extrato de tomate podiam virar tamancos. O mundo das possibilidades era criado e recriado, um exercício agradável e útil. Um galho de árvore, um andar mais alto de um prédio luxuoso.
Hoje me valho desse exercício criativo para inventar soluções para o dia a dia. Diante de uma situação problema tento pensar em três soluções possíveis, no mínimo. Aliás, esse era um desafio que um antigo chefe, muiiiiiiiiito antipático sempre me propunha. Na época eu odiava, mas hoje eu amo ter feito esse treino.
Um olhar e muitas possibilidades. Essa é a minha filosofia de vida. Por isso gostei tanto do teatro de objetos.
Voltarei um pouquinho no tempo, lá no meu primeiro post, para lembrar que cada obesidade é única, portanto, requer um olhar individualizado. Quando olho para a minha, vejo que aprendi a olhar para a comida e ver um brinquedo muito divertido. Recebo pessoas queridas sempre em torno de uma mesa posta. Comemoro as pequenas e as grandes conquistas brindando ou comendo um prato especial. Vejo que o objeto transformou-se em um símbolo muito mais importante do que deveria ser. Por isso o teatro de objetos chamou tanto a minha atenção.
Até amanhã!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O pensamento me faz bem ao coração

Ando relendo os posts desde o começo. Muitos questionamentos, algumas idéias originais, outras nasceram e não duraram. Tenho sido profunda, verdadeira, e amiga íntima dos meus sentimentos. Aqui eles podem ser e aparecer.
Quando escrevi sobre minha confusão entre liberdade e indisciplina, alcancei um nível de entendimento muito importante. Desde a data dessa postagem estou mais quieta, silenciosa e focada no objetivo de emagrecer. Considero um privilégio essa capacidade de refletir e ficar cara a cara com minhas dores existenciais.
Tem uma música do Zeca Baleiro que diz assim
"Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar
Com a minha dor
...Eu existo porque penso
Penso porque existo"

Essa mesma letra fala "tristeza não é pecado", título de um dos meus posts.
O Toni Garrido canta (não sei quem é o autor):
"O pensamento
É o que me traz o livramento
O que me deixa positivo
E que faz bem ao coração"

É assim que me sinto. Aceito de boa vontade as dores da alma quando tenho a clareza da sua causa. Tomei um susto ao constatar que tenho um conjunto de maus hábitos para corrigir se quiser ter uma qualidade de vida melhor. Meu corpo se cansou e está reclamando os cuidados que venho lhe negando. Acreditando na autonomia, na independência, na liberdade para manejar meu tempo, tornei-me indisciplinada. Sem rotina para alimentar, dormir, descansar, esticar, respirar. A obesidade é só um dos sinais visíveis dessa inabilidade para seguir uma programação.
Estou de astral baixo, um leve mal estar, mas sem estar mal. Acho que é um estado natural de quem tem um grande compromisso pela frente: treinar hábitos novos, respeitar uma rotina, criar uma acordo de paz entre uma mente inquieta, que adora voar, com um corpo que está pedindo para ser bem tratado.
Assisti e li Fernão Capelo Gaivota, aos 12 anos de idade. Chorava ouvindo o LP e abraçada à capa, que tinha uma linda foto de praia. O personagem central tinha um apreço enorme pela liberdade e era totalmente desapegado das necessidades materiais. Ele não entendia como as outras gaivotas do seu bando podiam se ocupar apenas com a subsistência se tinham todo o céu para voar. Essas idéias produziram um eco forte na minha alma de adolescente. A lembrança, retratou com a melhor luz possível o quanto valorizei o lado filosófico ou imaterial da vida: os pensamentos, as idéias e os sentimentos. Descuidei do meu corpo como se ele tivesse menos valor do que minha mente.
A cisão entre corpo e mente nasceu, pelo menos em parte, da minha formação super católica. Fui uma maniqueísta convicta até pouco tempo atrás! O mundo era divididinho em gavetas. Acreditava na completa separação do bem e do mal, do bom e do ruim, do belo e do feio, enfim, do corpo e da mente!
Colocando o assunto em pratos bem limpos, na prática essa teoria toda funciona assim: sou capaz de trabalhar 10 horas seguidas e ainda cuidar da família, ler, blogar, informar, ver filmes, conversar... Porém, acredito que posso deixar para amanhã a caminhada, mas esse dia nunca chega. Todas as noites roubo "um pouquinho só" do tempo do sono. Horário certo para alimentar? Acho que nunca tive! E por aí vai a lista de descuidos, até chegar a dar o bolo na manicure, adiar o corte do cabelo...
Pensar dói! Mas é preferível ao conforto da ignorância.  
Até amanhã! Obrigada a quem chegou até aqui, partilhando minhas angústias. Estou aqui para fazer-lhe companhia quando você também quiser dar vez às suas dores.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mais atenção aos sinais do corpo

Sinto-me muiiiiito cansada. O mês de dezembro é uma prova de resistência. É quando mais trabalho. Tem um lado muito bacana, porque é o momento de colher os frutos do trabalho realizado durante todo o ano.Por outro lado, é preciso muita resistência física. As lojas funcionam 12 horas por dia, 7 dias por semana.
O post de hoje será breve. Estou dominada pela necessidade de repousar e, mais atenta aos sinais do meu corpo, vou pra cama mais cedo. Passei para deixar boa noite a todos e colocar uma foto nova. A imagem ao ar livre, cabelos sem produção, é mais a minha cara. A foto feita em dia de festa estava me causando muito incômodo. Aquela sou eu só em dias muito especiais.
Até amanhã!

Encomendei um bolo para comemorar

Hoje o blog faz 3 meses! Encomendei um bolo virtual para comemorar com vocês!
Imaginei um bolo simples, branquinho, com 3 velinhas, simbolizando a infância do blog, o início da caminhada. Fui ao google e não encontrei. Todos os bolos eram incrivelmente decorados e majestosos, verdadeiras obras de arte! Fiquei curiosa e fui clicando em mais, mais, mais. Vi bolos de todas as cores, formas, temas e personagens. Tinha até um decorado com bonequinhos fazendo sacanagem, em posições tão criativas que poderiam inspirar até diretor de filme pornô. Nunca imaginei a existência um bolo assim. Para qual comemoração ele é destinado? Não sei. Acho que estou ficando antiquada.
Já que não encontrei o bolo simples, branquinho, humilde, feito para simbolizar o afeto, resolvi fazer perguntas.
O simples perdeu o seu lugar?
Precisamos de espetáculos visuais em todas as circunstâncias?
O que simbolizam esses bolos tão arrojados?
Acho lindo o trabalho dos artistas que dão o melhor de si para fazer obras tão perfeitas. O meu estranhamento aconteceu por não encontrar o simples convivendo com o majestoso.
As imagens são lindas, porém, me senti no reino do exagero. Vi o excesso de detalhes e me cansei. Não encontrei nada para repousar o olhar e me sentir em casa. Senti saudades dos bolos da minha infância. Nos sábados, de longe se sentia o cheiro delicioso do bolo rústico, batido à mão, feito com ingredientes puros. Ele sinalizava que era um dia diferente, teríamos o ritual, era necessário reunir para partir. Isso era compartilhar.
Os bolos dos meus aniversários eram branquinhos. Queria muito um redondo, mas não tive. Porém, vivi toda a emoção de ver um bolo sendo preparado e depois enfeitado com o que se tinha à mão, flores, frutas, pastilhas coloridas, para celebrar a minha vida. Eram bolos com pouco enfeite mas repletos de significado.
Teriam os bolos magníficos o mesmo recheio de sentimento?
É bom perguntar, não acha?
Até amanhã!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Liberdade ou indisciplina?

Ainda não tenho repostas, nem sei se terei, para a lista de ontem. Mas, vou arriscar alguns palpites. Eles foram aparecendo nas laterais das trilhas abertas pelas dúvidas. Ah! Amo as dúvidas!
Pensei hoje que posso estar fazendo confusão entre dois conceitos: liberdade com indisciplina. Aprecio questionar as regras, sentir-me a dona do meu nariz, não ter patrão, expressar com honestidade minhas opiniões... No dia a dia, não tenho tempo marcado para dormir, acordar, comer, ver tv, trabalhar... Acabo de constatar que esse comportamento que me parece muito charmoso, pode estar sendo muito danoso. Se estou amando um livro, um filme, um trabalho ou quando estou entusiasmada com o que estou escrevendo, me permito ir adiante. Vou até a madrugada, me sentindo livre para decidir onde e como dedicar o meu precioso tempo.
Começo a desconfiar que subestimei as consequências físicas dessa forma de agir. Vou dar um exemplo bem prático. Ontem escrevi até de madrugada, antes de deitar fiz um lanche porque estava faminta. Na sequência dormi mal porque me sentia "cheia" (a palavra é feia mas é a mais verdadeira). Acordei mais tarde, tive que correr mais do que o normal para fazer as tarefas da manhã. Enfim, a tarde seguiu com outros atropelos e cá estou eu começando a escrever às 10h da noite.
Puxa! Que desabafo, heim?
Pensando bem, quem lida com o tempo dessa maneira tem mais ou menos chances de agir com equilíbrio na hora de alimentar? Em que momento do dia eu poderia frequentar uma academia?
Meu corpo estaria ficando mais "estressado" em função da incerteza quanto à chegada de alimento e repouso?
Pensei por associação na seguinte situação: Quando estou para tirar férias e não sei o dia certo em que poderei me afastar da empresa, fico muito ansiosa. Acontece também de estar esperando receber um dinheiro em uma data e meu cliente não fazer o pagamento. Fico muito insegura se ele vai de fato pagar na nova data combinada.
Acho que meu corpo pode estar sofrendo mais do que eu imaginava...
Essa maleabilidade com os horários pode ser a causa de uma desordem na demanda por alimento. Mais ou menos assim: "não sei quando e nem quanto terei, então vou pedir mais do que preciso para evitar que falte".
Em comércio essa é uma premissa muito comum. Tem a sua aplicação.
Poderia o corpo ter uma lógica assim também? Uma inteligência desconhecida da razão?
Mais perguntas...
Até amanhã! Vou deitar-me mais cedo, começando a testar a minha hipótese.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Minha lista de perguntas difíceis

Quando fiz perguntas sobre os momentos especiais no post de ontem, entendi que minhas questões mais importantes estão para ser escritas. Engraçado, elas começam a se esboçar e rapidinho somem.
Vou começar...

Para que eu quero emagrecer?
Se imagino muitos benefícios estando mais magra, qual o valor de estar gorda?
O que vou ganhar perdendo quilos?
Emagrecer é só perder quilos ou tornar-se uma pessoa diferente?
O que sinto quando tenho fome?
Por que uma porção de amendoim torrado é tão arrebatadora?
Quando devoro 3 porções de amendoim, estou ganhando o que? Estou perdendo o que?
O bem estar de comer bolo quente, pão doce, guloseimas, pode ser comparado ao prazer de movimentar o corpo livremente?
O que gosto de comer?
O que não gosto?

Às vezes penso que emagrecer é mudar o comportamento, às vezes acho que é construir uma identidade diferente.
Considero-me bastante íntima dos meus sentimentos. Pareço ter uma visão clara das minhas motivações ou dificuldades. Gosto da minha habilidade de alçar vôos pelo pensamento. Gosto também de mergulhar nas cavernas mais profundas, em busca de um detalhe que pode fazer diferença. Enfim, acho bacana ser capaz de compartilhar minhas reflexões com sinceridade.
Tudo isso me faz indagar: por que a resistência em abrir mão do excesso de comida?

A partir de hoje vou tentar responder minhas perguntas. Estou tentando chegar mais perto do meu objetivo inicial.
Continuo me pesando regularmente. Não emagreci e nem engordei. Quem sabe esse já é um ganho?
Até amanhã!

Cometi um pecado

Mas estou aqui para me redimir. Deixei de comentar o filme mais divertido que assisti esse ano. Quer rir até chorar? Veja SIMPLESMENTE COMPLICADO.
Assisti e não parei de recomendar e emprestar.
É bom avisar! Os críticos de cinema detonaram. Dizem que é comercial, muito focado em um segmento de público (as mulheres que já entraram pro clube do enta). Acham a diretora repetitiva porque ela já tinha feito ALGUÉM TEM QUE CEDER e que eu também adorei. Mas, voltando ao assunto, até crítico mal humorado deve ter se divertido muito com as trapalhadas do casal.
Muito bom para começar a semana! Peço licença para usar um clichê: "às vezes é melhor ser feliz do que ter razão". No caso do filme, os críticos ficaram com a razão e os expectadores, pobres mortais, com boas gargalhadas e a certeza que a vida comporta muito bem esses momentos hilários.



Até mais!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Todos os momentos deveriam ser especiais?

De novo o silêncio. Só os movimentos bem familiares. As visitas se foram deixando por aqui a certeza que a amizade é o bem mais precioso a ser conquistado.
Os bons momentos do fim de semana proporcionados pelo carinho, pelas boas conversas, brincadeiras, e, é claro, acompanhados de boa e farta comida, vão para o arquivo das boas lembranças. Durante alguns meses elas ficarão disponíveis para consulta. Depois, só as impressões. Mais algum tempo as imagens podem se desfazer. Mas aquela impressão, ou certeza, do que é o bem viver ficará gravada para sempre. É assim que reforçamos um valor ou crença.
Seria bom ter uma segunda-feira com astral parecido com o deste fim de semana!
Se fosse assim, todos os dias especiais, saberíamos o que é um momento especial?
Conseguiríamos reconhecer e usufruir dos momentos especiais?
Todos os momentos deveriam ser especiais?
As frustrações não seriam originadas da expectativa de ter mais momentos especiais do que a vida poderia oferecer?
Criei o hábito de fazer perguntas. Elas têm sido uma boa trilha para mudar conceitos e alguns hábitos. É simples assim, mas todo dia constato que recusei  fazer o que tinha que ser feito. Uma rebeldia cara e inútil. Quando deixo as perguntas nascerem livremente, sinto que estou fazendo o certo.
A minha lista de perguntas mais difícei está por ser feita. Estão relacionadas com a minha necessidade (ou seria só um mal hábito?) de comer muiiiiiiito além do que meu corpo pede.
Só de chegar pertinho as perguntas se escondem... Terei a paciência. Cada dia estou mais certa de não usar recursos artificiais para emagrecer: medicamentos, cirurgia ou mágica.
Insistirei na reflexão! Minhas crenças serão investigadas com rigor. Depois, tentarei um acordo. Elas cedem um pouquinho e eu começo a fazer diferente. Ganho a chance de gostar de movimentar e de saborear porções menores. Elas ganham férias, vão conhecer terras diferentes e conhecer seus novos cultos. É uma proposta razoável, os dois lados cedem e também ganham.
Até amanhã!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Hoje estou feliz porque estou com Beatriz

Tenho uma presença especial em casa. Minha comadre e afilhada estão por aqui, então tudo é festa.
Quando a Beatriz era bebê, agora está perto dos anos, criei uma música para niná-la:
"Hoje eu estou feliz, porque estou com Beatriz"
Ela devolveu o carinho cantando: "Hoje eu estou feliz porque estou com a madrinha". Derreteu meu coração.
Passamos horas brincando, cantando e sei que isso se chama plenitude. É o amor no seu estado puramente incondicional. Vou escolher vivê-lo, a reflexão deixo para amanhã, depois que ela se for.
Bom fim de semana a todos!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tomar consciência de quem a gente é

Transcrevo um trecho do escritor Eduardo Galeano, que muito me sensibilizou e encorajou. Volto comentando.

"Nas longas noites de insônia e nos dias de desânimo, aparece uma mosca que fica zumbindo dentro da cabeça da gente: Vale a pena escrever? Será que as palavras sobreviverão em meio aos adeuses e aos crimes? Tem sentido esse ofício que a gente escolheu - ou pelo qual a gente foi escolhido?
As pessoas escrevem a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os outros, para denunciar aquilo que machuca e compartilhar o que traz alegria. As pessoas escrevem contra sua própria solidão dos demais porque supõem que a literatura transmite conhecimentos, age sobre a conduta de quem a recebe, e nos ajuda a nos conhecermos melhor, para nos salvarmos juntos. Em realidade, a gente escreve para as pessoas com cuja sorte ou má sorte se sente identificado...
...A gente escreve para despistar a morte e destruir os fantasmas que nos afligem, por dentro;
...Ao dizer sou assim e assim me oferecer, acho que eu gostaria, como escritor, ajudar muitas pessoas a tomar consciência do que são.
...Então, o ato de escrever é um ato de solidariedade."

A obra do Eduardo Galeano tem uma forte conotação política. Sua literatura tem a função de denunciar as injustiças sociais e ser instrumento de luta pela igualdade de direitos.
Mas, me apropriei desse trecho. Penso que está além, muito além, da dimensão sócio-política. É tão repleto de sensibilidade que faz-se profundamente universal. Fala diretamente ao coração. Depois de ler, guardei as impressões e fiz questão de manter também o papel onde o colhi. Sabia que na época certa seria como um amigo que apoia e eleva.
Ele me estimulou a começar a blogar. Há alguns anos eu escrevia um diário e não pensava em abri-lo a mais ninguém. Mas, idéias e sentimentos só podem ganhar vida quando voam e encontram a chance da troca. Nesse caso, deixam de ser desabafo e se transformam em bom compromisso com a gente e com quem a gente quer andar de mãos dadas.
O ato de escrever diariamente me proporciona um momento sagrado. A mágica desse tempo se espalha pelas outras horas do dia, faz-me contente. Contentar-se é aceitar sem bronca as dificuldades do dia a dia.
Escrevo na primeira pessoa, mas sempre pensando na segunda e na terceira. Falo de mim deixando a estrada aberta para conhecer você.
Até amanhã!

Pequenas notas

  1. Chegamos a 2000 visualizações. Por aqui passaram leitores do Brasil, EUA, Canadá,Holanda, Russia, Portugal, Itália, Suiça, Taiwan, Croácia. Gostaria de saber agradecer em todas as línguas, como não sei, usarei a palavra mágica que me transporta para um estado profundo de felicidade:
AGRADECIDA!
  1. Na postagem http://silviaesilvia.blogspot.com/2010/12/ha-males-que-vem-para-o-bem-vc-tambem.html contei sobre um problema. Contei também que resolvi aceitá-lo por mais algum tempo ao invés de apelar para uma solução capenga. Pois bem, no dia seguinte à minha firme decisão, pela manhã, o problema foi magicamente solucionado. Interpretei como um sinal que realmente somos condenados a decidir. Assim os caminhos se abrem.
Até!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Em paz com o tempo

Adoro ter a minha idade atual. Não sei se gostarei das próximas, mas estou amando olhar para todos os fatos com olhos de 42 anos. Tantas situações me aborreciam. Olhava para o futuro com apreensão, achando que deveria cumprir uma lista interminável de requisitos para ter direito à felicidade.
Hoje, sou feliz quando quero. Os acontecimentos podem facilitar ou dificultar, mas não podem determinar. O "tem que" está escasseando até no meu jeito de falar. Se isso está parecendo delírio, principalmente para uma mulher moderna, não é. Estou fazendo escolhas. Se tenho que fazer uma coisa, abro mão de outra, com boa vontade.
Brinquei muitas vezes que nunca tinha lido os clássicos Pollyanna e Pollyanna Moça. A história da garota que sabia fazer o jogo do contente. Por mais cruel que pudesse parecer um fato, ela conseguia sentir esperança e ver bondade. Fez falta essa capacidade aos 20 e aos 30. Tornou-se dispensável aos 40. Tudo ficou mais suave, de maneira que não preciso me exercitar para ver o bom e o belo de cada experiência.
O tempo foi habilidoso me presenteando com oportunidades de abrir mão do orgulho e da vaidade. Pouco a pouco, vi que o prazer de "alfinetar" ou de "responder à altura", é muito menor do que o de rir das pequenas contrariedades. Elas estão lá, todos os dias. Mas, não reverberam. Aprendi alguns recursos: de vez em quando um palavrão, um chega prá lá, um "tô nem aí". Passa... Se fica, convido para conversar e pergunto o que espera de mim. Se a exigência é razoável, cedo para ficar em paz. Caso contrário, boto pra correr.
E a tolerância? Sabe a história de precisar de alguma coisa para ontem? Sumiu. Depois desse tempo de vida, já tive que fazer tantas concessões ou substituições que os problemas não são mais que desafios.
Melhor de tudo é ter outra vida para aproveitar. Calma! Não estou falando de reencarnação! As gerações de 40 anos atrás, tinham uma expectativa de vida muito menor, parece que nos anos 60 as brasileiras viviam, em média, 50 anos. Assim, uma balzaquiana era uma senhora. Uma quarentona, idosa. Viver de cinquenta a sessenta anos era sorte, capricho da genética, ou um grande azar, porque a qualidade de vida e a saúde eram péssimas.
Houve uma inversão bacana. Aos quarenta, eu e minhas amigas temos o mesmo vigor dos vinte e um jeito mais sábio de viver. Mesmo quando há doenças, as possibilidades de sobrevida com bem estar, são infinitamente maiores. Bom, o corpo carrega as marcas do tempo. As feridas dos combates, os sinais do quanto sorrimos ou choramos pela estrada afora. Acho que é por isso que amo minhas rugas. Quando me olho em um espelho de mão, com a ponta do indicador vou percorrendo suas trilhas. Estão indo cada vez mais longe. Eu, cada vez mais encantada com elas.
Acho Adélia Prado liiiinda! Os cabelos brancos, o rosto sulcado e a sabedoria tão visível, possível de ser tocada.
Estou em paz com o tempo. Espero a ajuda dele para emagrecer. Para convencer-me a mastigar lentamente, fracionar minhas refeições, escolher o que é mais saudável e por fim, trocar um pouco das horas na empresa por uma caminhada.
Até amanhã!

Sem conexão

Olá, fiquei desconectada desde ontem...
Postarei mais tarde.
Até

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Meditar

Acabo de meditar. Quem convive comigo, no trabalho principalmente, não consegue me imaginar de olhos fechados, quieta e silenciosa.
Ouvindo uma música bem baixinha e um livro nas mãos, inicio a minha prática. Leio um pouco e, lentamente, vou me desligando dos estímulos externos. Algumas vezes é demorado, minha mente tenta, pelo movimento rápido dos pensamentos, manter-se ocupada e no poder. Noutras ocasiões é tranquilo. Sento-me sempre no mesmo lugar, repito as músicas e desse modo facilito o meu próprio entendimento da hora de aquietar. Parecido com a mãe que veste o pijama e escova os dentes da criança para sinalizar que está na hora de ir dormir.
Conseguindo parar de pular de pensamento em pensamento, nasce um silêncio muito agradável. Em várias ocasiões, sinto uma energia amorosa, linda. Nesse estado vou apenas agradecendo por existir.
Repito AGRADECIDA... Mais lentamente A G R A D E C I D A... E mais uma vez.
Até que as palavras somem, tornam-se desnecessárias. Todas elas.
A gratidão vira uma espécie de alegria ou paz ou qualquer outra palavra, se é que exista, que possa significar um bem estar profundo. Desse estágio em diante só consigo me recolher dentro de uma certeza: Deus está em mim e eu nEle.
Silêncio
Quietude
Permaneço nesse encontro e retorno suavemente ao mundo dos sentidos. Sem susto e sem pressa.
Hoje, compartilho com vocês, leitores, esse estado do bem. É minha forma singela de dizer obrigada pela sua preciosa companhia.
Até amanhã!

Trem da Vida

Se puder, assista correndo essa linda história. O TREM DA VIDA, é uma metáfora da nossa existência. Venturas, desventuras, paixões, desafios, competição, amor e o desejo eterno de chegarmos à terra prometida.
O filme mostra a viagem surreal de judeus de uma vila do leste europeu para a Palestina, a bordo de um trem fantasma, fugindo dos nazistas. Tem muito humor e amor. A idéia criativa da fuga foi do louco da vila, que é também o sábio, quando o assunto é o encontro do homem com Deus, na oração.
A D O R E I!
Esqueça o esquemão americano de fazer filme. Curta o lado artesanal e detalhado do trabalho.
Eu acho que dá para fazer um blog inteiro com as interpretações dessa história.
Vá correndo à locadora!
Até

"Há males que vêm para o bem..." Vc também já ouviu isso?

Nasci e cresci em São Pedro dos Ferros, cidadezinha do interior das Minas Gerais, mais especificamente da Zona da Mata, com 8.000 habitantes. Todo bom mineiro, quando viaja para Guarapari ou outra praia do Espírito Santo, passa pertinho da entrada da minha terra natal. É assim que dou as coordenadas geográficas para explicar de onde sou. Aqui em Minas perguntamos desse jeitinho: "de onde cê é?" Nada da sofisticação de "onde você nasceu?"
Acho que é porque acreditamos ser, pela vida toda, do lugar onde nascemos. É que as coordenadas morais (não estou encontrando palavra melhor) continuam impressas em nós. Podemos até contrariá-las, mas impossível apagá-las.
Brinquei na rua, estudei em escola pública sem nunca ter visto agressões aos professores, andei à pé e descalça o quanto quis. Aos sete anos de idade tinha toda a cidade mapeada pela sola dos pés. Conhecia todos os moradores da rua direita e boa parte da esquerda. De casa até o armazém ou a padaria, eu cumprimentava, pelo nome, todos que encontrava. Era um mundo pequeno, mas nele eu me movimentava com muita liberdade. Acho que foi aí que comecei a tomar gosto por esse sentimento.
Voltando às coordenadas, muito da minha educação veio do uso dos ditos populares. Lá em casa se repetia:

_"há males que vêm para o bem"
_"muito riso é sinal de pouco siso"
_"pedra que muito rola não cria limo"
_"água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"
_"onde comem 10, comem 20"
_"mais vale um pássaro na mão do que dois voando"
_"não conte com ovo na barriga da galinha"

A interpretação familiar dessas afirmativas  ficaram sacralizadas na minha memória. Elas se manifestam na minha visão dos fatos. Às vezes de forma fantasiosa, noutras, com um ar de verdade. Muitos dos ditos eram contraditórios entre si. Mas era praxe fazer o fechamento de uma idéia com uma desssas pérolas da cultura popular. Os meus, tinham um gosto pela eloquência.
Lembrei agora de duas situações divertidas. Até pouco tempo atrás, usava uma panela imensa para fazer arroz. Por obra exclusiva da minha imaginação, chegariam mais 10, de surpresa, para almoçar. Nunca chegou! Então, fazia os aproveitamentos, sempre queixando porque o alimento não estava fresquinho.
Mas a lembrança estava lá, guardadinha na forma de um hábito: "onde comem 10..."
Acho lindo como Gilberto Gil definiu isso numa de suas músicas: "toda crença quer se materializar, tanto quanto a experìência quer se abstrair".
O segundo caso diz respeito ao dito "muito riso é sinal de pouco siso". A responsabilidade e o trabalho foram excessivamente cultuados pelos meus pais. O riso fora das festas não era lá muito bem visto. Havia uma confusão de conceitos: o ato de rir poderia afastar uma pessoa das suas obrigações ou ela parecer menos competente. Essa distorção pode ter relação com alguma tradição do catolicismo ou com a visão dos bobos e doidos do interior, sempre muito sorridentes. Afastar o riso servia para manter bem longe a insanidade. Não saberia explicar porque a boa gargalhada não era assim, digamos, uma das delícias do nosso convívio. A seriedade ganhava de dez a zero na escala de valores. O fato é que também me tornei meio desconfiada de quem ri demais. É hilário, mas é verdade! Até hoje quando solto uma risada com força e vontade, olho para os lados para conferir se não me excedi.
Mas essa história toda foi para chegar no "há males que vêm para o bem". Hoje, estive a ponto de cometer uma das minhas típicas repetições, que com certeza desaguaria em erro e frustração no futuro. Enquanto dava seguimento ao meu plano, pensava com uma ingenuidade forçada: "as pessoas mudam, todos merecem uma segunda chance, eu não tenho outra alternativa para resolver o meu problema..."
Pois bem, uma série de desacertos aconteceram e não fiz o acordo previsto. Esbravejei até falar chega! Depois calei e vi que o problema atual vai persistir por alguns dias e vai passar, como todos os outros. O destino se encarregou de desacertar as coisas, me protegendo de cometer um grande erro e ter que assumir, em pouco tempo, um problema muito maior.
Lembrei na hora do bendito ditado. Guardei bem as palavras. Da próxima vez que alguma coisa não estiver dando certo, pararei para respirar. Depois, vou perguntar para as coincidências, aparentemente malditas, se não estariam ali para me poupar de um desgosto muito maior.
Acho que todo mundo tem uma historinha assim. Deixe a sua nos comentários!
Até amanhã.

domingo, 5 de dezembro de 2010

No meio do caminho havia uma pedra

Sabe aquela visão de uma pedra imensa lá no meio da sua estrada? Eu encontrei uma. A obesidade, que me acompanha há 10 anos, é quase uma montanha.
Resolvi desabafar! Fico perturbada ao ver que consigo resolver situações, aparentemente, muito mais complexas, enquanto o excesso de peso está há tanto tempo me incomodando. Pior, está prejudicando de forma geral a minha saúde. Sou responsável, estudiosa, empenhada, uma profissional incansável, mãe permanentemente atenta. Mas... (esse "mas" no caso da obesidade tem um peso muito maior) não consegui, até esse momento, seguir um plano de emagrecimento.
É estranho ter uma clareza tão profunda da situação e não ter a ação necessária para resolver. Frustrante também!
Não estou me rendendo! Acho que nunca o farei. É uma constatatação e eu seguirei firme e forte no propósito de emagrecer.
Falar de decepções para mim não é problema. Se silenciar, elas não vão sumir. Então, prefiro olhar nos olhos de cada uma e dizer: "você é uma grande adversária, mas não é uma inimiga. Se veio para mim, posso dar conta de você. Então, ficarei mais preparada para outros desafios". Parece muito teórico? Sugestão de livro de auto-ajuda? Pode ser, mas com essa fé superei grandes adversidades.
Esperava renunciar mais facilmente à comida e emagrecer lenta e gradualmente ao longo do ano. Estou perto de completar 3 meses de posts diários. Criei hábitos novos, estou muito mais centrada, feliz, bem humorada e tolerente. Porém, eliminei menos da metade dos kilos planejados. Tudo bem que é só comer com racionalidade e fazer atividades físicas, basicamente. Mas vá entender porque não dou conta de fazer isso? Já fiz regimes com remédio, mas essa não é a minha proposta atual, também não critico quem fez essa opção. Quando tive a idéia de escrever e postar, fiz um acordo comigo de rever as crenças que estão dando a sustentação para os maus hábitos.
Se estou desconfortável com o excesso de peso, por que não faço o que deve ser feito para eliminá-los? Acredito que encontrar a resposta para essa questão é uma boa e D E F I N I T I V A estratégia de superação. Não quero apenas emagrecer. Quero ser, a partir do emagrecimento, uma pessoa que encontrou seu peso ideal. Viver bem e ter uma atitude tranquila com o ato de alimentar.
Já emagreci e voltei a engordar. Não quero essa repetição.
A pedra é grande, estou tendo que pegar desvios para continuar seguindo a viagem. Mas insisto. "Não há bem que sempre dure e nem mal que seja para sempre".
Vou precisar de ajuda para remover a grande pedra da minha estrada. Estou disposta a buscar.
Hoje pesei novamente e a balança me contrariou. Tive 600kg acima da última pesagem.
Até amanhã!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Vida adulta

Amanhã a Júlia faz 18 anos. Parece que foi ontem. A barriga, o enxoval, o quartinho bem montado, o parto, os cuidados, o aniversário de 1 ano. Foi uma festa linda de Papai Noel. Depois a escolinha, a leitura e os dentes cairam. Sempre vibrei com cada acontecimento. Contava para meus amigos os casos dela com tanto entusiasmo, que os acontecimentos naturais pareciam notícia de jornal.
O tempo foi um bom aliado. Curti, junto com o Fernando, cada etapa. Comemoramos os aniversários, as apresentações de balé, as festas juninas. Sempre tinha lágrima e aplauso guardados para esses momentos. Primeira comunhão, quinta série, primeira menstruação... Até que chegou a primeira saída à noite, o carnaval e o beijo inaugural. Quando ela me contou, detestei saber. Respondi secamente que mãe não é a melhor amiga. Veio a certeza que ela sabia fazer as próprias escolhas. Então, comecei a perder aquele espaço tão grande na vida dela.
Foi difícil vê-la com o primeiro namorado. Do pescoço para cima o discurso estava pronto: "é normal, está na hora, ele é um bom rapaz". Meu coração contrariava tudo isso. Ficava com ciúmes cada vez que ela se afastava de nós.
Mas o Dr Chronnus (o tempo) é o especialista de todas as causas. Hoje, estou feliz por ver uma moça inteligente, sensível, delicada, responsável, divertida e amorosa nascida e crescida no nosso lar. Ela está apta a levar ao mundo um pouquinho dos valores que cultuamos.
Certa vez, li que a forma ideal de melhorar o mundo é cuidar bem dos filhos. Concordei e apliquei. Valeu à pena toda a dedicação. Isso significou abrir mão de muitas coisas. Aprecio, agora, os frutos dessa escolha. No meu dia a dia existe respeito, gentileza, generosidade. Isso basta para que eu afirme: Deu certo!
Tem conflito, luta, dificuldades também. Porém, à cada noite, quando nos encontramos, a energia se renova. Minhas esperanças reacendem com as nossas conversas.
Quando fecho os olhos para pensar no futuro, penso que já cheguei lá. Estar em paz, vivendo amorosamente com as pessoas que me rodeiam, para mim, é a meta mais nobre para uma vida.
Quero conquistar alguns bens materiais e fazer viagens. Mas, o bem mais precioso acho que conquistei: minha família é um grupo de pessoas de bem.
Até amanhã!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A grande família

Hoje é dia da Grande Família. Confesso que esses é um dos meus vícios. Está à cada pior, mas não resisto. Adoro assistir Nenê, Lineu e seua agregados. Ora me identifico com um, ora com outro. O fato é que sou fiel, toda quinta estou aqui, firme e forte, estando o episódio bom ou ruim.
Voltei.
Mais uma vez o acaso atrapalha a realização do sonho de dona Nenê. Ela lamenta, mas se conforma. Continua a mãe disposta a ceder tudo em prol do bem estar de todos.
Qual a medida ideal do ceder e do lutar?
Trabalhei por 10 horas seguidas. Sem intervalo. Foram alguns cafés e 15 minutos de almoço. No meio da tarde achei que não conseguiria continuar. Renunciei ao desejo de vir em casa, persisti firme até o fechamento, às 19h. Terminado o expediente, fiz compras, dei alguma assistência às minhas filhas.
Minha grande questão: como posso ser tão persistente no trabalho e ceder tão facilmente quando o assunto é organização da alimentação?
Vou tentar dormir com esse barulho...
Espero ter leitores tão fiéis como sou à Grande Família!
Até amanhã!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Anjo de Vidro

Acabo de assistir Anjo de Vidro e acho, que de certa forma, é uma história sobre o perdão. O elenco é muito bom _ Susan Sarandon, Penélope Cruz, Robbin Willians e um policial gatérrimo que não sei o nome.
Eles vão se encontrando casualmente na trama, numa noite de Natal em New York. Surgem pequenas interferências de um na vida do outro, mas todos têm os seus destinos transformados a partir desses encontros. Retornam à própria  vida revigorados por perdoar e serem perdoados.
Vale à pena conferir. Nada de grandioso. O filme é simples como deve ser.

Voltando a andar com leveza

Há alguns dias disse uma frase agressiva a alguém que muito admiro. Numa discussão, ela alterou a voz, e eu, revidei. Na hora funcionou como um bom desabafo, afinal, ficar com aquela cara de ah! éé? Ou com sensação de sapo entalado na garganta deixa mal qualquer cristão.
Horas depois, sabia que tinha sido injusta e essa certeza foi pior do que a perspectiva de calar ante a irritação da outra. Hoje resolvi esse assunto. Olhei nos olhos, disse que errei e pedi desculpas. Minha amiga  sabia que eu não acreditava no que tinha dito. Então, rimos e festejamos a reinauguração do nosso diálogo.
Já ouvi pessoas dizendo "o perdão é um presente que a gente se dá". Quando tive a oportunidade de sentir os efeitos dessa crença, vi o quanto é verdadeira. O fato de hoje foi bacana, mas não foi a primeira vez que experimentei esse alívio. Ser perdoada é bom, perdoar é maravilhoso.
Não há aqui nenhum sentido religioso. Me refiro ao ato de perdoar como uma chance de restaurar a esperança. Sem perdoar, ficamos amarrados a uma situação e temos dificuldade de caminhar. Quando tentamos, o peso daquela lembrança dificulta os passos. Questão resolvida, abandonamos o peso inútil na beirada da estrada e voltamos a andar com leveza.
Até amanhã!