quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mulher multifuncional, parte 2

Reli a postagem intitulada SER OU NÃO SER UMA MULHER MULTIFUNCIONAL? e percebi que minhas considerações estão distantes da profundidade do tema e da necessidade pessoal de refletir sobre ele.
Um grande número de mulheres parece se orgulhar da multifuncionalidade. Virou mantra universal a frase "estou com pressa", ou "menina, como estou sem tempo!". Estranhamente, parece que com essas afirmações as pessoas se sentem com um status diferenciado. Rasgando o verbo, se sentem importantes ao pronuncia-las e para dar charme usam o tom de queixa.
A fala mais adequada para essas pessoas talvez seja: "menina, ando usando o meu tempo de forma tão impensada" ou "ando querendo fazer caber no meu dia muito mais do que ele comporta". Ah!  Essa é melhor ainda: "Tenho coisas para fazer, mas só de lembrar  fico ansiosa e acho que estou com pressa, por isso tenho que apressar o outro também".
Estive operando a multifuncional da minha empresa. Aquela maquininha que imprime, copia, recebe e passa fax, é scanner e telefone. A que estamos imitando. Achei engraçado ver que ela faz uma função por vez. Quando dei cliques sucessivos e apressados ela não respondeu adequadamente. O papel engasgou ou travou o sistema. Não estou querendo reduzir o espectro da realização feminina ao de uma máquina. Mas acho a metáfora válida para o entendimento desse dilema humano e especialmente feminino.
Tentar viver na correria e crer que isso é chique não convence mais. A exemplo da máquina, nós também sofremos perdas com esse modo de vida. Danos expressivos na saúde, nos relacionamentos, na eficiência profissional e na nossa autonomia. É uma troca infeliz deixar de ser autônoma para ser autômata.
Lembrei da propaganda de uma revista feminina: chique é ser inteligente. Porém, ser inteligente não significa seguir os conselhos da revista. No máximo, se divertir com ela. Depois parar no tempo, entrar em si mesma e perguntar: O que eu gosto? O que eu quero? De posse dessas informações, o que farei?
Há uns três anos, lanchei com minhas filhas no Mac Donalds e imagine só, fiquei emocionada com um daqueles forros de bandeja. O tema dele era "amo muito tudo isso", então as ilustrações eram sobre umas trinta coisas agradáveis de se fazer. Levei o papel comigo e iniciei um dever de casa. Listei as 30 coisas que amava muito. Querem ver como foi difícil essa aventura com aparência fácil?
Item 01 - Amo muito minha família. Mas vi que o tempo que tinha para ela às vezes era o menos precioso. Nosso encontro diário normalmente ocorria quando estava super cansada e muitas vezes impaciente. Surgiu a questão filosófica: é possível amar sem dedicar? E muitos outros desdobramentos dessa primeira pergunta.´
Item 02 - Amo muito meu marido. Mas é com quem mais brigo, implico, reclamo. O amor dispensa o bom relacionamento?
Sucessivamente, em cada item eu me investigava com pureza de sentimentos mas firmeza de princípios. Fiz uma lista verdadeira. Para isso, decidi que amar não poderia ser um verbo tão abstrato. Precisava e precisa se manifestar em gestos. Como amar meus amigos e não conviver? Amar idéias e não ler, pensar ou conversar? Amar cinema e não assistir? Amar plantas e não cuidar? Amar cinema e não assistir?
Tomei então algumas medidas que vêm funcionando bem. Primeiro reduzi a minha lista de amores. Com menos opções melhorei na dedicação às opções preservadas.
Eliminei muitas atividades. Porque "toda mulher faz assim" não é um argumento suficientemente forte para me motivar a fazer algo que não seja realmente de valor.
Continuo sendo uma multifuncional típica, mas família, amigos, viagem e outras coisinhas mais têm o lugar que merecem na minha vida.
 No mais, quando a angústia supita eu paro e pergunto: isso é uma obrigação ou uma escolha? Muitas vezes é só uma escolha. Retomo meu poder. Escolho fazer ou sentir diferente, a realidade costuma mudar.
Até mais.

2 comentários:

  1. MORZÃO, AMEI SEU BLOG DE HOJE. È SIMPLES ASSIM.
    A VIDA MODERNA REALMENTE,NOS INDUZ A COMPORTAMENTOS COMPLETAMENTE LOUCOS E ILÓGICOS. CREIO QUE O QUE VALE NA VIDA É SERFELIZ. A MULTIFUNCIONALIDADDE DO SER HUMANONÃOCOMBINA COM FELICIDADE. E COMECEI O DIA MUITO FELIZ AO LERVOCE. BJOSSSSSSSS

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