quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser ou não ser uma mulher multifuncional?

mulOnze entre cada dez mulheres contemporâneas queixam-se da falta de tempo. O acúmulo de atividades e papéis sociais transformaram a vida numa pista de corridas. Mas desconfio que o preço anda alto demais.
O benefício... Bem, nem sempre temos a consciência exata do benefício. Então é hora de pensar sobre isso. No meu caso, identificar o tanto que essa síndrome da mulher multifuncional pesa na balança da minha obesidade.
Para começar, é justo reconhecer que a independência financeira e a autonomia social são ganhos maravilhosos conquistados com trabalho, estudo, enfim, com toda sorte de empenho feminino. Acho que ninguém despreza o valor disso.
O meu incômodo é observar a contradição. Estamos beirando uma inversão desses valores. Estamos submetidas a regras muito rígidas e muitas vezes sem ver esse aprisionamento, tudo em nome do título de modernidade. O desejo de entrar para esse clube transformou muitas de nós em escravas. Em certa medida, escravas de nós mesmas, do exagero das nossas expectativas e desejos. Nesse caso, adeus independência e autonomia conquistadas historicamente com tanta luta.
Não basta ser profissional, mãe, esposa, dona de casa e uma pessoa de bem. Queremos sentir bonitas e atraentes. Mas não serve a beleza original, tem que ser o padrão estético da celebridade do momento. Haja cosmético e bisturi! Conheço uma moça que nos anos noventa fez cirurgia para diminuir os seios e uma década depois fez para implantar silicone e aumentar.
Para não ser barrada na porta, precisamos conhecer marcas: roupas, bolsas, perfumes, e tudo mais que possa ser comprado e, é claro, comentado. Mais recentemente tenho ficado fora de muitas rodas de conversa de mulheres modernas porque não aprendi nada sobre marca e modelo de carro. E está cada vez mais difícil porque estão multiplicando numa velocidade maior que os meus neurônios possam alcançar.
Achamos essencial entender de moda,  decoração, esoterismo, vida de artista, psicologia, futebol. Precisamos também de ser "antenadas" e não podemos dispensar os aparatos tecnológicos.
Para completar, lutamos muitas vezes sós na família, para salvar o planeta.
Cada uma de nós se apega mais ou menos a cada um desses conceitos, de acordo com interesses, valores ou conveniências. Mas nenhuma de nós se realiza com o pacote básico. Passamos o maior tempo enoveladas no desejo e desprezando o essencial.
No fim das contas, se acreditamos que precisamos dar conta de tantas coisas, somos grandes caretas, ultrapassadas. Vivemos tão submissas como nossas bisavós. Elas estavam sob o jugo dos seus homens. Nós somos prisioneiras do excesso de expectativa. Estamos enoveladas pelo desejo.
Acho que isso pesa!
Já contei numa postagem anterior a minha distorção de imagem corporal na adolescência. Ontem falei sobre a necessidade de superar, de agir como uma heroína, não aceitando ser simplesmente uma pessoa. Isso e muitas outras situações que relatei ilustram essa busca inútil por modernidade.
Pensando bem, talvez a gente precise ficar um pouquinho deslocado no tempo. Não seguir tanto a risca os modismos, não aderir com tanta rapidez a novos padrões e conservar o que realmente gostamos. Não precisamos coincidir exatamente com os valores do nosso tempo.
Estar plenamente afinado com o presente é uma grande caretice. Distanciar dele é ter autonomia e independência para ser e agir. Isso é muito arrojado!

5 comentários:

  1. Oi prima ... estou adorando o blog ...
    nossa tive uma semana daquelas e lendo esse texto me fez parar e pensar em muita coisa; a vida, rotina q vivemos hj e' tudo tao corrido e 24hrs sao poucas pra tanta coisa ... e' hora mesmo de rever muita coisa!
    O tempo passa, nao volta e as coisas importantes e de valores muitas vezes tem passado dispercebido nessa linha do tempo ...

    Beijooo grande e um otimo domingo!

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  2. Ei Silvia, estou me rendendo a mais esse vicio chamado orkut, eh, estou visitando algumas paginas atraves do orkut de meu filho Bernardo.

    e ai me deparei com vc escrevendo pra mazzarelo entre outros conhecidos que fazem parte da lista de amigos de meu filho e quando de repente me dei com o seu pedido para visitar o seu blog e em especial a reportagem postada sobre a mulher multifuncional.

    ha muito tenho feito esta reflexao ate por experiencia de vida, casei cedo, filho cedo em meio a uma busca por uma carreira profissional, visto que o sacrificio de se fazer uma universidade por 4,5 anos nao pode ser esquecido... e ai comecei a saga da vida da mulher funcional... mae, profissional, professora universitaria

    enquanto funcionaria publica, com carga horaria denominada DE (dedicacao exclusiva), tendo que atender as demandas deste patrao a qq hora do dia da noite ou feriado. exercendo esta atividade a 18 anos, mas vivendo ano apos ano a desilusao de governos descabidos, em especial os 8 ultimos anos..., onde vc nao pode exercer aquilo que mais se pede a um ambiente universitario, qual seja universalidade de conhecimento e opinioes.
    (continuacao...)

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  3. pois eh me estresso todos os dias pois os editais me pedem fazer pesquisas com assentamentos de sem terra, entre tantas outras tematicas nao demandadas pela sociedade pagante de impostos, mas a da livre iniciativa chamda PT. bom ja comecou a perceber a sindrome da mulher multifuncional nao eh mesmo... :-)

    bom depois de viver a crise da DE no meu trabalho, precisamos viver a crise da DE no ambito familiar, filhos, educacao, formacao familiar, formar habitos alimentares, de saude entre outros que se espera sejam estruturados no ambito da familia,

    fazer ginastica, cuidar da aparencia, porque senao fica dificil conviver com o espelho, imagina com o outro,

    manter o conhecimento atualizado, idiomas em dia, pois afinal vc eh um professor universitario, como pode esquecer deste tipo de prioridade em sua vida. sem deixar de dizer que nestes 18 anos de vida como servidor publico, teve o mestrado, o doutorado, 8 anos como chefe de departamento, conjugado com uma segunda gravidez, ja que meu filho mais novo hoje tem 9 anos, e a mais velha 21, e mais recentemente o investimento no pos-doutorado nos EUA, de onde estou conversando com vc.

    mas depois disto tudo ainda tenho que arriscar depois de 11hs da noite, filhos acomodados para descansar pra um novo dia, sentar novamente em minha casa, pois afinal tem dissertacoes pra corrigir, banca de teses pra participar, papers para serem escritos, pois afinal de conta vc eh um orientador de pos-graduacao, tem que manter a produtividade, embora nao seja em absoluto promovida pelos seus feitos. hj um docente que se dedica e o outro que nao se dedica tem o mesmo status quo dentro do universo chamado universidade. dificil ne...

    costumo chamar este novo turno de trabalho em casa a minha tripla jornada de trabalho, em que estou trabalhando pra minha instituicao, mas sem receber adicional de hora extra, afinal sou considerada DE...

    o que ganhamos com isso?! reconhecimento dos pares?! nao. e se recebemos ele eh muito momentaneo, tao breve quanto uma brisa que passa por nos, basta vc se afastar que ja cai no anonimato...

    na familia o que ganhamos o reconhecimento de sermos eficientes, inteligentes, modernas, mas... a divisao sexual do trabalho, ainda muito timida...

    com os filhos, o que ouvimos, voce eh uma gata, uma mae talentosa que eles sentem o maior orgulho de apresentar... mas na primeira oportunidade vao construir suas proprias vidas (vao ser mulheres funcionais em outros lugares) e so nos resta torcer pra que a base construida tenha sido boa o sufciente pra que eles voltem sempre...

    e da sociedade, um bem feito, quem mandou disputar espaco e mostrar que podia tanto quanto os homens...

    eh minha prima, a sindrome da mulher funcional nao eh nada facil de contornar, mas existe uma boa vacina na minha forma de ver e considerando minha abordagem de vida, qual seja, manter a atitude, fe, discernimento, bons principios e antes de mais nada, DEUS em sua vida.

    grande bjo de sua prima SIMONE CALDAS (quanto tempo ne :-)

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  4. pois eh me estresso todos os dias pois os editais me pedem fazer pesquisas com assentamentos de sem terra, entre tantas outras tematicas nao demandadas pela sociedade pagante de impostos, mas a da livre iniciativa chamda PT. bom ja comecou a perceber a sindrome da mulher multifuncional nao eh mesmo... :-)

    bom depois de viver a crise da DE no meu trabalho, precisamos viver a crise da DE no ambito familiar, filhos, educacao, formacao familiar, formar habitos alimentares, de saude entre outros que se espera sejam estruturados no ambito da familia,

    fazer ginastica, cuidar da aparencia, porque senao fica dificil conviver com o espelho, imagina com o outro,

    manter o conhecimento atualizado, idiomas em dia, pois afinal vc eh um professor universitario, como pode esquecer deste tipo de prioridade em sua vida. sem deixar de dizer que nestes 18 anos de vida como servidor publico, teve o mestrado, o doutorado, 8 anos como chefe de departamento, conjugado com uma segunda gravidez, ja que meu filho mais novo hoje tem 9 anos, e a mais velha 21, e mais recentemente o investimento no pos-doutorado nos EUA, de onde estou conversando com vc.

    mas depois disto tudo ainda tenho que arriscar depois de 11hs da noite, filhos acomodados para descansar pra um novo dia, sentar novamente em minha casa, pois afinal tem dissertacoes pra corrigir, banca de teses pra participar, papers para serem escritos, pois afinal de conta vc eh um orientador de pos-graduacao, tem que manter a produtividade, embora nao seja em absoluto promovida pelos seus feitos. hj um docente que se dedica e o outro que nao se dedica tem o mesmo status quo dentro do universo chamado universidade. dificil ne...

    costumo chamar este novo turno de trabalho em casa a minha tripla jornada de trabalho, em que estou trabalhando pra minha instituicao, mas sem receber adicional de hora extra, afinal sou considerada DE...

    o que ganhamos com isso?! reconhecimento dos pares?! nao. e se recebemos ele eh muito momentaneo, tao breve quanto uma brisa que passa por nos, basta vc se afastar que ja cai no anonimato...

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  5. (continuacao...)
    na familia o que ganhamos o reconhecimento de sermos eficientes, inteligentes, modernas, mas... a divisao sexual do trabalho, ainda muito timida...

    com os filhos, o que ouvimos, voce eh uma gata, uma mae talentosa que eles sentem o maior orgulho de apresentar... mas na primeira oportunidade vao construir suas proprias vidas (vao ser mulheres funcionais em outros lugares) e so nos resta torcer pra que a base construida tenha sido boa o sufciente pra que eles voltem sempre...

    e da sociedade, um bem feito, quem mandou disputar espaco e mostrar que podia tanto quanto os homens...

    eh minha prima, a sindrome da mulher funcional nao eh nada facil de contornar, mas existe uma boa vacina na minha forma de ver e considerando minha abordagem de vida, qual seja, manter a atitude, fe, discernimento, bons principios e antes de mais nada, DEUS em sua vida.

    grande bjo de sua prima SIMONE CALDAS (quanto tempo ne :-)

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