terça-feira, 19 de outubro de 2010

A cauda abanando o cachorro

Hoje acordei com uma vontade danada de ser a dona da minha casa. Posso explicar...
Normalmente, meu corpo está em um lugar e meus pensamentos em outro. Paro para descansar um pouquinho e os alertas internos disparam. "Tenho que" é a expressão preferida deles. Ela faz sua aparição humilde assim: Tenho que colocar água na planta, pensar no almoço... Vai ficando mais complexa: Tenho que marcar médico, levar as meninas ao dentista, arrumar a estante, comprar o presente de fulano... Vai sofisticando: Tenho que comprar aquela tv, viajar no próximo feriado, mudar a decoração do quarto... Adeus paz!
Levanto, procuro alguma coisa para fazer. Nesses momentos deixo de sentir dona de mim.
Há ainda a multiplicação exagerada de pensamentos. Muito barulho interno por conta do diálogo entre minhas idéias. Minha mente é daquelas faladeiras! Ela cria, relembra e transforma situações por puro deleite. Se antecipa aos problemas, vibra com desafios, busca novidades e sensações o tempo todo. Isso cansa, rouba energia e afasta o silêncio. Penso que contribui para me tornar ansiosa e comilona.
Quando converso com outras pessoas, vejo que essa inquietação é comum. Mesmo não percebendo, atravessam o bate papo e não se aquietam para ouvir. Sinal claro que não estão presentes porque a mente está fabricando ou ruminando pensamentos.
É engraçado como as coisas vão se transformando com o uso que fazemos delas. A nossa mente é um recurso para nosso processo de evolução na vida. Assim como nossos sentidos físicos, afetos, a intuição e a espiritualidade. O uso intensivo fez dela uma ferramenta muito potente. Com toda potência parece ter conquistado autonomia e hoje nos governa. Conhece aquela história da cauda que passa a balançar o cachorro ao invés dele balança-la?
Hoje passei o dia me relembrando que eu sou a dona dessa casa que é a minha vida.
Meu mantra: a mente é parte do que sou, por isso não deve ter o comando solitário de mim.

Você também sofre da multiplicação incessante dos pensamentos? Experimente voltar para si, observar-se internamente. Surge um vazio proveitoso e muito bem estar. É uma forma singela de meditar.

Um comentário:

  1. Oi Silvinha, seu post de hoje parece que foi escrito pra mim!!!!Vivo num turbilhão de pensamentos, principalmente na hora de dormir. Consigo pensar em váaarias coisas ao mesmo tempo com uma imaginação sem fim. Acho que pode ser de família, hein?!
    Adoro o seu blog, estou sempre acompanhado.
    Bjos,
    Karla Boroni.

    ResponderExcluir