quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vencer ou ser vencida pelos limites?

Quando vencer ou se deixar vencer pelos limites?
Desde ontem insisti nessa pergunta. Estava viajando a trabalho e enfrentei uma série de pequenos problemas que no conjunto me irritaram muito e quase impediram de realizar o propósito da viagem. Digo pequenos porque problema grande para mim é doença. O resto eu costumo tirar de letra, mesmo que me queixe ou dispare alguns xingamentos.
Parecia ontem que tudo conspirava contra a realização do planejado. Resolvia um assunto e imediatamente surgia uma pendenga maior. Cheguei à exaustão. Ainda tinha que viajar, de ônibus, por 8 horas, de volta para casa. Poucas vezes me senti tão cansada.
Não cogitei a possibilidade de desistir, voltar e esperar um momento mais propício para retornar. O mantra " é preciso superar os limites" se repetia de forma autônoma. No fim realizei o que pretendia mas a um custo humano muito grande. Essa atitude costuma ser socialmente muito valorizada.
Evoluindo um pouquinho, vi que essa idéia de superação dos limites pode ter um reverso muito danoso. Se é necessário vencer indica que os vejo como inimigos. Se os vejo como inimigos deixo de ver os ganhos, as oportunidades que podem proporcionar.
Imaginei que ontem eu poderia ter aceitado os limites e ter passado uma tarde agradável no cinema, ou quem sabe em um museu, ou shopping e hoje eu retornaria ao desafio com energia renovada?
Olhando de uma outra perpectiva, acatar limites pode significar aceitar com gratidão a proteção que eles oferecem. O limite de tempo permite o descanso. O limite do dinheiro permite soluções criativas. O limite da comida é possibilidade de saúde. Em todos os casos, quando fazemos as pazes com os limites, a finitude, estamos ganhando a oportunidade de fazer escolhas por atitudes mais inteligentes.
Outro ganho significativo é o desenvolvimento da tolerância. Por consequência direta, da compaixão. O resultado disso tudo é ser mais humana. Isso toca meu coração. Me estimula.

Como revelei na primeira postagem, cada obesidade é uma. Meu desafio é olhar para a minha. Entre tantas outras coisas, para superar os limites que o excesso de peso me impõe, preciso e hoje desejo rever a noção que os limites são necessariamente negativos. Eles podem me proteger, podem legitimar o meu espaço e ainda esclarecer para os outros o que é tolerável para mim e o que não é. É um bom conjunto de argumentos para tentar me harmonizar com os limites quando esse for o caso e lutar para superá-los quando minhas motivações indicarem que é a opção adequada. O desafio agora é distinguir.

E você?

2 comentários:

  1. sua postagem me fez lembrar de uma música dos los hermanos:
    "Olha lá quem vem do lado oposto
    e vem sem gosto de viver
    Olha lá que os bravos são escravos
    sãos e salvos de sofrer
    Olha lá quem acha que perder
    é ser menor na vida
    Olha lá quem sempre quer vitória
    e perde a glória de chorar

    Eu que já não quero mais ser um vencedor,
    levo a vida devagar pra não faltar amor"

    Superação nem sempre significa vitória... As vezes, respeitar os próprios limites é mais sensato. Até para sabermos que eles existem SIM e que possuímos fragilidades. Isso faz parte da aceitação de quem se é.
    Mas tb sei o quanto é difícil estabelecer esses limites, pois eles variam de acordo com os valores que cada um cultiva...
    bom, se vc fez, sabe que é capaz! Cabe a vc achar o caminho do equilíbrio...

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  2. Ahh, vc morre de orgulho de ter uma filha tão sensata ?

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