sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vestir M é ser EGGG?

08/10/10
Escrever é um ato de bravura! É necessário vencer todos os obstáculos da autocensura.
Mas também é um ato de ternura. Pequenos acontecimentos diários podem se encher de magia. Tudo é motivo de reflexão. Tudo pode ser escutado. A delicadeza do espírito volta a tomar o seu lugar.
O vocabulário fica cuidadoso. Gentileza, bondade, generosidade, emoção, carinho, saudade, beleza, compaixão, simpatia voltam ao cenário mental. As ações ficam mais atentas. O automatismo pode ser mudado, a presença completa no ato da escrita me permite estar bem.
Onde eu estava que não via nada disso?
Eu estava fora, vendo apenas os apelos do mundo experimental. O silêncio está me trazendo de volta para casa, para um lar muito especial.
Trabalho com moda. Tenho loja de roupa feminina e uma masculina. Hoje presenciei uma mulher linda experimentando roupas. A moça se criticava em tudo. Eu a admirava, com saudades do tempo em que as mesmas roupas me serviam. Todas as peças que experimentou ficaram bem. Realçaram suas curvas deixando-a muito sensual, um mulherão. Mas ela se criticava. Ao final se intitulou gorda. Ela vestiu calças 42 – QUARENTA E DOIS!  E BLUSAS M. Fiquei completamente no ar. Embora esteja escrevendo há vários dias sobre a ditadura dos padrões de beleza foi intenso presenciar o incômodo daquela mulher que veste M se declarar, envergonhada, gordinha.
Não resisti! Pedi a ela que abandonasse aquela visão tão negativa e que se olhasse com admiração. Acho que foi em vão. Ela saiu com uma sacola com uma blusa, mas não me pareceu sair convencida que é uma linda mulher.
O sofrimento humano tem formas, cores e objetos diferentes. Desisti. Não quero mais o sofrimento. Ele não tem charme. Ficou idiota. Daqui pra frente quero presentear o mundo com alegria. Se pensarem em mim, por favor, lembrem dos meus sorrisos, minhas brincadeiras, meu jeito desajeitado de fazer humor.
Um milhão de vezes eu repito, se necessário, que ser obesa não compensa. Há dor nas articulações e coluna, riscos cardíacos, cansaço além da conta, limitação de movimentos.
Não consigo me convencer, entretanto, que ser M seja motivo para se sentir mal.
Gostaria de conhecer outras opiniões... Por favor, comentem! Estou me sentindo muito só com essas percepções.
Bom feriado para quem está no Brasil e bom fim de semana para os de fora.
Até amanhã.

Um comentário:

  1. Pode parecer sacanagem mas no seu lugar reforçaria que ela realmente está muito gorda..só assim para a pessoa se tocar de que certos exageros ofendem as pessoas. O que mais me incomoda é que cada vez mais o mundo da moda se prepara para atender pessoas que não existem na vida real..saia no centro da cidade e olhe com atenção, provavelmente verá poucas pessoas que se encaixam nos famosos P e M. Bom não é papo de gorda, nem de despeitada mas já está passando da hora de começaram a produzir para gente normal, cheinha, bunduda, pernuda e não para palito de churrasco!

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