sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tomar consciência de quem a gente é

Transcrevo um trecho do escritor Eduardo Galeano, que muito me sensibilizou e encorajou. Volto comentando.

"Nas longas noites de insônia e nos dias de desânimo, aparece uma mosca que fica zumbindo dentro da cabeça da gente: Vale a pena escrever? Será que as palavras sobreviverão em meio aos adeuses e aos crimes? Tem sentido esse ofício que a gente escolheu - ou pelo qual a gente foi escolhido?
As pessoas escrevem a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os outros, para denunciar aquilo que machuca e compartilhar o que traz alegria. As pessoas escrevem contra sua própria solidão dos demais porque supõem que a literatura transmite conhecimentos, age sobre a conduta de quem a recebe, e nos ajuda a nos conhecermos melhor, para nos salvarmos juntos. Em realidade, a gente escreve para as pessoas com cuja sorte ou má sorte se sente identificado...
...A gente escreve para despistar a morte e destruir os fantasmas que nos afligem, por dentro;
...Ao dizer sou assim e assim me oferecer, acho que eu gostaria, como escritor, ajudar muitas pessoas a tomar consciência do que são.
...Então, o ato de escrever é um ato de solidariedade."

A obra do Eduardo Galeano tem uma forte conotação política. Sua literatura tem a função de denunciar as injustiças sociais e ser instrumento de luta pela igualdade de direitos.
Mas, me apropriei desse trecho. Penso que está além, muito além, da dimensão sócio-política. É tão repleto de sensibilidade que faz-se profundamente universal. Fala diretamente ao coração. Depois de ler, guardei as impressões e fiz questão de manter também o papel onde o colhi. Sabia que na época certa seria como um amigo que apoia e eleva.
Ele me estimulou a começar a blogar. Há alguns anos eu escrevia um diário e não pensava em abri-lo a mais ninguém. Mas, idéias e sentimentos só podem ganhar vida quando voam e encontram a chance da troca. Nesse caso, deixam de ser desabafo e se transformam em bom compromisso com a gente e com quem a gente quer andar de mãos dadas.
O ato de escrever diariamente me proporciona um momento sagrado. A mágica desse tempo se espalha pelas outras horas do dia, faz-me contente. Contentar-se é aceitar sem bronca as dificuldades do dia a dia.
Escrevo na primeira pessoa, mas sempre pensando na segunda e na terceira. Falo de mim deixando a estrada aberta para conhecer você.
Até amanhã!

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