terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Liberdade ou indisciplina?

Ainda não tenho repostas, nem sei se terei, para a lista de ontem. Mas, vou arriscar alguns palpites. Eles foram aparecendo nas laterais das trilhas abertas pelas dúvidas. Ah! Amo as dúvidas!
Pensei hoje que posso estar fazendo confusão entre dois conceitos: liberdade com indisciplina. Aprecio questionar as regras, sentir-me a dona do meu nariz, não ter patrão, expressar com honestidade minhas opiniões... No dia a dia, não tenho tempo marcado para dormir, acordar, comer, ver tv, trabalhar... Acabo de constatar que esse comportamento que me parece muito charmoso, pode estar sendo muito danoso. Se estou amando um livro, um filme, um trabalho ou quando estou entusiasmada com o que estou escrevendo, me permito ir adiante. Vou até a madrugada, me sentindo livre para decidir onde e como dedicar o meu precioso tempo.
Começo a desconfiar que subestimei as consequências físicas dessa forma de agir. Vou dar um exemplo bem prático. Ontem escrevi até de madrugada, antes de deitar fiz um lanche porque estava faminta. Na sequência dormi mal porque me sentia "cheia" (a palavra é feia mas é a mais verdadeira). Acordei mais tarde, tive que correr mais do que o normal para fazer as tarefas da manhã. Enfim, a tarde seguiu com outros atropelos e cá estou eu começando a escrever às 10h da noite.
Puxa! Que desabafo, heim?
Pensando bem, quem lida com o tempo dessa maneira tem mais ou menos chances de agir com equilíbrio na hora de alimentar? Em que momento do dia eu poderia frequentar uma academia?
Meu corpo estaria ficando mais "estressado" em função da incerteza quanto à chegada de alimento e repouso?
Pensei por associação na seguinte situação: Quando estou para tirar férias e não sei o dia certo em que poderei me afastar da empresa, fico muito ansiosa. Acontece também de estar esperando receber um dinheiro em uma data e meu cliente não fazer o pagamento. Fico muito insegura se ele vai de fato pagar na nova data combinada.
Acho que meu corpo pode estar sofrendo mais do que eu imaginava...
Essa maleabilidade com os horários pode ser a causa de uma desordem na demanda por alimento. Mais ou menos assim: "não sei quando e nem quanto terei, então vou pedir mais do que preciso para evitar que falte".
Em comércio essa é uma premissa muito comum. Tem a sua aplicação.
Poderia o corpo ter uma lógica assim também? Uma inteligência desconhecida da razão?
Mais perguntas...
Até amanhã! Vou deitar-me mais cedo, começando a testar a minha hipótese.

Um comentário:

  1. Adorei de novo Silvinha,

    estou virando fã da forma como escreve. ate parece que conversamos antes.

    Concordo com vc, esta noção de que somos donas de nosso tempo e por isso podemos defini-lo da forma que quiser, nos garante ao final grandes atropelos, que acabam gerando desordem na forma de alimentar.

    Eu sou mestre nisto, pois quantas vezes almoço ou tomo meu precioso cafe da tarde na frente do computador lendo um e-mail ou apenas matando a curiosidade das noticias dos amigos do orkut ou facebook.

    moral da historia, termino meu lanche sem saber que sabor ele tinha, e ai ja viu, tenho que lanchar novamente pois aquele nao valeu. e com isso, quando a gente assusta, comeu mais do que era necessario durante o dia e a promessa de que haveria ordem e disciplina em sua rotina diaria, ja foi para o espaço.

    sem falar que depois que se chega em casa, pra quem quase nao fica dentro dela, sair de novo pra exercitar... vou nao, amanha eu juro que faço isso... e este amanha que nao chega...

    ontem mesmo me peguei aqui comentando no seu blog, que quando for dona da minha rotina de novo me exercito novamente... e se eu nunca mais conseguir ser dona de minha rotina e de meu tempo?!

    acho que tenho que me propor mais do que isso...

    achei legal seu texto exatamente por isso, me fez pensar de que por mais organizada que eu seja, eu so consigo ser com os compromissos que eu tenho com os outros, pois detesto que me cobrem prazos... mas ja vi que o meu compormisso comigo mesmo ta pra la de irresponsavel, mas tenho que falar comigo mesma de dia ate de noite, "tem jeito simone"... "vc consegue", "ja casou teve filhos, plantou uma arvore e escreveu um livro, meu Deus sera que nao consegue ser dona de voce?!"

    quer responder pra mim Silvinha, pois tenho medo de reconhecer que nao consigo ser dona mais de mim, acho que ja coloquei meu tempo para ser desapropriado, nos termos da reforma agraria...

    mas e se a desapropriacao nao acontecer a passos largos?! o que vou fazer ate la, sem ser dona de mim mais e do meu tempo?!

    acho melhor assumir as redeas da vida, pode ser dificil, mas acho mais simples do que esperar o outro dizer o que devo fazer comigo mesmo... acho que ja sei a resposta tb ... Meu Deus acho que estou aprendendo com vc, muitas perguntas para direcionar o dia a dia...

    mas acho que estou precisando formular mais hipoteses do que perguntas, para que eu possa referenda-las ou contesta-las...

    bjos,

    simone caldas

    ResponderExcluir