sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O pensamento me faz bem ao coração

Ando relendo os posts desde o começo. Muitos questionamentos, algumas idéias originais, outras nasceram e não duraram. Tenho sido profunda, verdadeira, e amiga íntima dos meus sentimentos. Aqui eles podem ser e aparecer.
Quando escrevi sobre minha confusão entre liberdade e indisciplina, alcancei um nível de entendimento muito importante. Desde a data dessa postagem estou mais quieta, silenciosa e focada no objetivo de emagrecer. Considero um privilégio essa capacidade de refletir e ficar cara a cara com minhas dores existenciais.
Tem uma música do Zeca Baleiro que diz assim
"Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar
Com a minha dor
...Eu existo porque penso
Penso porque existo"

Essa mesma letra fala "tristeza não é pecado", título de um dos meus posts.
O Toni Garrido canta (não sei quem é o autor):
"O pensamento
É o que me traz o livramento
O que me deixa positivo
E que faz bem ao coração"

É assim que me sinto. Aceito de boa vontade as dores da alma quando tenho a clareza da sua causa. Tomei um susto ao constatar que tenho um conjunto de maus hábitos para corrigir se quiser ter uma qualidade de vida melhor. Meu corpo se cansou e está reclamando os cuidados que venho lhe negando. Acreditando na autonomia, na independência, na liberdade para manejar meu tempo, tornei-me indisciplinada. Sem rotina para alimentar, dormir, descansar, esticar, respirar. A obesidade é só um dos sinais visíveis dessa inabilidade para seguir uma programação.
Estou de astral baixo, um leve mal estar, mas sem estar mal. Acho que é um estado natural de quem tem um grande compromisso pela frente: treinar hábitos novos, respeitar uma rotina, criar uma acordo de paz entre uma mente inquieta, que adora voar, com um corpo que está pedindo para ser bem tratado.
Assisti e li Fernão Capelo Gaivota, aos 12 anos de idade. Chorava ouvindo o LP e abraçada à capa, que tinha uma linda foto de praia. O personagem central tinha um apreço enorme pela liberdade e era totalmente desapegado das necessidades materiais. Ele não entendia como as outras gaivotas do seu bando podiam se ocupar apenas com a subsistência se tinham todo o céu para voar. Essas idéias produziram um eco forte na minha alma de adolescente. A lembrança, retratou com a melhor luz possível o quanto valorizei o lado filosófico ou imaterial da vida: os pensamentos, as idéias e os sentimentos. Descuidei do meu corpo como se ele tivesse menos valor do que minha mente.
A cisão entre corpo e mente nasceu, pelo menos em parte, da minha formação super católica. Fui uma maniqueísta convicta até pouco tempo atrás! O mundo era divididinho em gavetas. Acreditava na completa separação do bem e do mal, do bom e do ruim, do belo e do feio, enfim, do corpo e da mente!
Colocando o assunto em pratos bem limpos, na prática essa teoria toda funciona assim: sou capaz de trabalhar 10 horas seguidas e ainda cuidar da família, ler, blogar, informar, ver filmes, conversar... Porém, acredito que posso deixar para amanhã a caminhada, mas esse dia nunca chega. Todas as noites roubo "um pouquinho só" do tempo do sono. Horário certo para alimentar? Acho que nunca tive! E por aí vai a lista de descuidos, até chegar a dar o bolo na manicure, adiar o corte do cabelo...
Pensar dói! Mas é preferível ao conforto da ignorância.  
Até amanhã! Obrigada a quem chegou até aqui, partilhando minhas angústias. Estou aqui para fazer-lhe companhia quando você também quiser dar vez às suas dores.

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