segunda-feira, 27 de setembro de 2010

27/09/2010 Sobre o excesso de imagem

Na postagem de ontem quis partilhar a minha linha do tempo. Mas confesso que ando meio bolada com uso  de imagens por todos os lados. Essa enormidade de fotos e ilustrações dão a impressão que estou vivendo em um mundo com barulho permanente. Acho que o olhar também precisa de repouso.
A multiplicação das máquinas digitais me dá a impressão que as pessoas ao invés de viver resolveram fotografar.
Vejo pais que nos momentos de folga deixam de brincar com as crianças para se divertir com suas câmeras, incomodando os meninos com tantos flashes. No bar, os amigos se encontram e não conversam, tiram foto. Os lugares bonitos que não servem para ser contemplados, mas para ser fotografados. Outro dia fui a um casamento e não pude evitar o riso quando vi o fotógrafo sinalizando com a mão para o padre afastar. 
Que tipo de lembrança essas fotos podem evocar?
Minhas fotos acordaram muitas emoções. Elas retrataram momentos importantes, felizes, emocionantes. Acompanharam cada um dos rituais de passagem da minha vida. Ao admirá-las enxerguei uma vida muito feliz, afetiva, intensa, apaixonada, reflexiva.
Tenho duas filhas maravilhosas. Elas são adolescentes delicadas, atenciosas, justas, profundas e generosas. Minhas fotos mais felizes são ao lado delas e do Fernando. Formamos uma comunidade que aprendeu a dialogar. Acho isso uma super realização. Quando acordo de madrugada com alguma apreensão busco repouso na lembrança desses meus companheiros de caminhada. Sempre fecho os olhos e suspiro de contentamento por estar com eles.
Sou uma pessoa bastante realizada e consciente desse privilégio. Mas, passei períodos profundamente deprimida na última década. É misterioso para mim e mais ainda para as outras pessoas. Quando ficam sabendo que uso medicamentos antidepressivos, se assustam. Eu superei o susto e não fico aumentando minha inquietação com questionamentos. Procuro fazer a minha parte para viver da melhor forma possível.
Há onze anos uma tristeza enorme, pensamentos derrotistas, desânimo profundo me assolaram. Comecei a fazer tratamento médico. De lá até hoje fiz quatro ou cinco tentativas de retirada de medicamento, uma vez por minha conta e as outras com acompanhamento profissional. Mas os sintomas retornaram e sinto-me insegura de fazer uma nova tentativa.
Entre os 20 e os 30 anos pesei entre 62Kg e 89Kg. Nas duas gestações fiquei enorme, cometi todos os abusos em nome do "você tem que comer por duas". Eu aproveitava e comia pra um batalhão. Depois da minha segunda filha o menor peso que tive, com muito esforço, foi 79Kg.
De sobrepeso a obesidade foi apenas um ano. Comparei as fotos do aniversário de 2 e 3 anos de Bruna.
Localizei no tempo e no espaço a obesidade. Na festinha de dois anos vesti uma calça 46, no ano seguinte já usava tamanho especial.
Esse é um assunto difícil...
Voltando à superficialidade, ao excesso de fotos, ao culto à imagem,  lembrei do espetacular QUEIME DEPOIS DE LER, dirigido pelos instigantes irmãos Coen. Um deboche despudorado às bestialidades do nosso tempo. O que mais me divertiu foi a obcessão da coroa por cirurgias plásticas, sua busca pelo homem de sua vida nos jornais. DIVIRTA QUANDO ASSISTIR.
Até mais, sem imagens hoje, vamos descansar.

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