domingo, 13 de março de 2011

FAZER O BEM SEM OLHAR A QUEM

Você deve "fazer o bem sem olhar a quem". Cansei de escutar essa frase dita pela minha mãe. Em volume alto, ar retórico e voz grave. Internalizei bem a mensagem. Procuro fazer o que posso para ajudar as outras pessoas e, com sinceridade, sem expectativa de retorno. O ato em si de fazer algo que facilite a vida do outro já é o ganho, me dá prazer e estimula a continuar.
Tenho ainda um segundo entendimento. Normalmente, ficar feliz significa ver as pessoas próximas felizes. Costumo andar em grupo quando o assunto é o bem estar. Assim, vibro com as conquistas dos outros como se fossem minhas e sinto as dores dessa maneira também.
Mas, descobri que para fazer o bem a mim, eu estabeleço condições, crio regras e sou muito mais rígida. Perdão e complascência para o outro, rigor e exigência para mim. Na prática funciona assim:
Digo:
_Vou fazer uma caminhada, ou meditar, ou escrever, ou cuidar dos meus cabelos, ou preparar um lanche para mim.
Serviria como exemplo qualquer outro gesto de gentileza destinado a mim.
A voz da exigência replica:
_Só posso depois que esse, aquele e aquele outro trabalho estiverem concluídos e bem feitos.
Depois que ... Depois que... Depois que...
Enfim, de condição em condição, o tempo me escapa e eu deixo para depois os gestos de auto-cuidado . Acho que pode ter sido desse jeito que a obesidade chegou e ficou. Eu só poderia cuidar de mim depois e esse depois custou dez anos para chegar.
Estou muito assustada com o meu peso, acho que só recentemente saí da negação. Eu não me via, lá no fundo da consciência, como uma obesa. Fui deixando para amanhã o bem que poderia fazer hoje e os estragos estão muito evidentes. Como doem meus joelhos, coluna, tornozelos. Coitadinhas das minhas articulações!
É uma constatação desconfortável, mas não desanimadora. Toda consciência, ainda que me espete a alma, é uma chance de fazer diferente. Prefiro ter as vistas doendo do que não poder ver o sol.
Essa é uma das faces da minha obesidade. Mas, cada descoberta pode ser um ponto de partida para a reflexão de outra pessoa. Postar destemidamente esses sentimentos, por vezes tão doloridos, é também uma forma de "fazer o bem sem olhar a quem".
Até amanhã!


Um comentário:

  1. Estou contigo prima ... acompanhando e torcendo por ti.
    E a vida e' constituída assim mesmo:
    Fazer o bem sem olhar a quem!
    Boa semana pra vc!
    Beijooo com carinho, Nathy :)

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