sexta-feira, 11 de março de 2011

CAIXA DE SURPRESAS

Cismei de colocar a minha casa em ordem. Cansei de procurar uma agulha e encontrar remédios na caixa de costura. Resolvi dar um basta na bagunça e determinar um lugar para cada coisa. Está dando certo! Estou nessa campanha há uma semana, inclusive no carnaval, e está ficando confortável. Hoje promovi uma excursão pela casa e guiei minha família. Apresentei uma a uma a moradia nova de cada objeto. Os contratos estão junto com seus irmãos. As toalhas se reuniram em um só local. Todas as coisas estão sendo ajeitadas para termos mais funcionalidade no dia a dia.
Interessante! Desde a minha decisão sincera de emagrecer, venho encontrando meios alternativos de ajuda. Um deles é ter mais organização no espaço e no tempo. Assim, considero que o meu "ataque de organização" esteja mais contextualizado do que pode parecer.
Vou trocar em miúdos: minha fome de comida é também uma fome de harmonia, de organização, de respeito aos horários. Assim, junto com as iniciativas para emagrecer, estou buscando formas de amenizar a minha visão de espaço e tempo.
No meio dos papéis, encontrei duas caixas lotadas de escritos. Cartinhas e cartões escritos e trocados entre eu, Fernando, Júlia, Bruna e outras pessoas queridas, ao longo de 22 anos de história familiar. Foi uma delícia reler e relembrar nossas passagens. Lá estão registrados o carinho nos aniversários, as primeiras palavras das meninas após a alfabetização, meus conflitos e momentos de fazer pazes com o Fernando, os Natais, as Páscoas e toda sorte de comemorações. Tudo acompanhado de afeto e delicadeza.
Tanta coisa diferente aconteceu ao longo desse tempo corrido e hoje lido. Mas, nos escritos pude encontrar a minha marca registrada: o ardor.
Li uma carta de 1991 e lá estava esse meu tom confessional. Intenso (ou tenso? o que acham?). Esse que ajuda a ver-me como a Silvia. Nessa carta, eu expunha com muita coragem os meus sentimentos e desejos. Poucas pessoas se permitem essa abertura, principalmente aos 20 anos e por escrito. Mas eu dava ali o tom da minha busca existencial mais importante. Valeu à pena ter sido e continuar sendo uma pessoa cheia de bravura. O amor e a verdade se tornaram as ligas fundamentais das minhas relações, seja em casa ou com amigos. Esse é o meu patrimônio. Posso confiar na minha capacidade de amar e de ser amada, ainda que existam os momentos conflituosos.
Com esse mesmo ardor busco hoje a reconstrução do meu corpo. A eliminação do excesso de gordura é apenas parte do processo. Vejo além, desejo mais. Quero viver em paz com os limites (da comida, do tempo, do dinheiro) e ter saúde. Quero olhar a comida e ver nela o que é, e não o que aprendi a achar que seja. Quero movimentar-me com gratidão, andar, levantar, dobrar, como se estivesse sempre numa dança.
As cartas não mentem. Hoje, reli as minhas, vendo que realizei muitos projetos difíceis e bacanas. Me deu mais ânimo para persistir. De fato, é possível construir o que a gente deseja ardorosamente.
Até amanhã!

2 comentários:

  1. Descobri com surpresa que estava presente nessas cartinhas..surpresa duplamente feliz,primeiro por fazer parte das relações afetivas que ficaram guardadas e portanto que merecem ser recordadas. Depois, mesmo sem nem imaginar o que escrevi há anos atras, por relembrar das minhas possibilidades de expressão,pois quem me conhece sabe que sou sempre muito reservada em minhas palavras. è sempre bom estar presente na vida de pessoas queridas!

    ResponderExcluir
  2. Oiii não sei como postar e aparecer meu nome mas sou eu June

    ResponderExcluir